Fica, Sarney.
Ajude a revelar a verdadeira face do Senado!
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por Josias de Souza
O que mais degrada a imagem do Senado, além de seus próprios desatinos, é a TV.
Nesta quinta (6), produziu-se diante das câmeras da TV Senado um strep-tease. Não foi o primeiro esvoaçar de vestes.
Mas foi o mais dramático. Antes, o Senado expunha os seus contornos apodrecidos. Agora, mostra as vísceras.
Quem assistiu não vai esquecer.
O instante mais dramático foi uma altercação de duas estrelas. De um lado, Renan Calheiros. Do outro Tasso Jereissati.
Numa TV comercial, o espetáculo não teria sido exibido em horário vespertino.
A alturas tantas, Tasso pediu a Renan que não lhe apontasse “o dedo sujo”. Renan respondeu que sujo era o dedo de Tasso. “Dedos do jatinho pago pelo Senado”.
E Tasso: “pelo menos era com o meu dinheiro. O jato é meu, não é do que você rouba dos seus empreiteiros. É meu. Eu tenho”.
Ofensa vai, ofensa vem Renan chama Tasso de “coronel”. Não um coronel qualquer. “Um coronel de merda”, ouviram os que estavam próximos de Renan.
“Cangaceiro”, devolveu Tasso, desafiando Renan a repetir a expressão de calão raso. Na mesa da presidência, José Sarney, que já não preside coisa nenhuma, suspendeu a sessão por dois minutos.
Na véspera, no final de um discurso em que tentara, sem sucesso, defender-se, Sarney fizera um apelo pela paz.
Pois bem, 24 horas depois, Renan escalou a tribuna para reiterar a declaração de guerra. Renan leu em plenário a representação do PMDB contra o líder tucano Arthur Virgílio.
Uma reação às investidas do PSDB contra Sarney.
Mencionou a “doação” de R$ 10 mil recebida de Agaciel Maia, os R$ 210 mil de salários pagos a um assessor que estudava “teatro” na Espanha... ...os mais de R$ 700 mil de despesas médicas do tratamento de saúde da mãe de Virgílio, já morta.
E até o uso de um servidor do Senado em serviços domésticos.
Em resposta, Virgílio desfiou um rosário de acusações feitas contra Renan à época em que arrostou o par de representações que o apeara da presidência do Senado.
A platéia ficou sabendo, se é que já não sabia, que o Senado, casa dos mais velhos, feita para preservar o bom senso...
...Esse Senado é liderado por pessoas que se consideram umas às outras indignas do exercício do mandato. Cristovam Buarque foi ao microfone para dizer a Sarney que a paz não será obtida sob a presidência dele.
Disse que Sarney está cercado, hoje, de dois tipos de pessoas. As que enaltecem a sua biografia e as que se aproveitam dela. “Hoje, experimentamos a sessão mais degradante na minha vida aqui dentro do Senado. Acho que chegamos a um ponto extraordinariamente baixo”.
Demóstenes pronunciou quatro vezes o vocábulo: “Basta”. “Não podemos mais ficar nesse clima.
Tião Viana instou Sarney a chamar as principais lideranças. Nada de “conchavos”, disse. Alvo que restabeleça a convivência mínima. Uma convivência que não parece interessar a Renan e à tropa dele.
“Qual é a ética praticada aqui? Eu vinha dizendo que não ia sobrar um senador nessa casa”, disse, em timbre de ameaça Wellington Salgado, um miliciano de Renan.
“Não pensem que vão chegar aqui e tratar o presidente Sarney dessa maneira e achar que vamos ficar calados.
Somos do PMDB, o maior partido do país”.
A isso se reduziu o PMDB de Ulysses Guimarães.
É hoje, o PMDB de Renan, o PMDB de Sarney, o PMDB de Wellington Salgado.
À platéia já não resta senão torcer para que a briga continue e gere conseqüências.
A essa altura, já não parece conveniente que Sarney saia.
Fica, Sarney.
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