Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

domingo, 12 de abril de 2015

Os embusteiros que ignoram o recado das ruas agonizam brincando com fogo


 

O impeachment chega ao canteiro central da Paulista
(foto de Luzia Lacerda)

Por Augusto Nunes

Pela segunda vez em menos de um mês, centenas de milhares de manifestantes, espalhados por mais de 500 municípios de 22 Estados e do Distrito Federal, saíram às ruas neste 12 de abril para condenar a corrupção impune e a incompetência endêmica, ambas institucionalizadas pelos governos lulopetistas ─ e exigir o imediato despejo da presidente Dilma Rousseff. Em qualquer paragem do planeta, tamanha onda de atos de protesto promovidos pela oposição real (e agora majoritária) seria um fato político de alta relevância.


É muito mais que isso num Brasil em que só se vê multidão ao ar livre no Carnaval, na parada gay, no réveillon ou nas grandes celebrações evangélicas. Trinta anos depois da campanha pelas Diretas-Já, o Brasil decente redescobriu a rua ─ e entendeu que esse é o caminho mais curto para o futuro. Duas rodadas de manifestações bastaram para que ficasse evidente a mudança de dono dos espaços urbanos até recentemente privativos do PT. As ruas agora pertencem aos país que presta. Passaram ao controle dos incontáveis democratas unidos em torno de três palavras de ordem ─ Fora Dilma!, Fora PT! e Fora Lula!.

Aparadas as arestas, unificadas as inscrições nos cartazes e faixas, integrantes dos maiores grupos envolvidos na organização do movimento Impeachment Já nâo admitem descansar antes que sejam alcançados os alvos prioritários e atacadas as causas da indignação coletiva. Há pouco, participei na TVEJA de um debate sobre o 12 de abril em companhia de Joice Hasselmann, Carlos Graieb, Marco Antonio Villa e Ricardo Setti. Não deixem de ver o vídeo logo acima. Lá está tudo o que tenho a dizer sobre mais um dia com espaço assegurado nos livros que contarão como foram estes tempos estranhos.

“Abril é o mais cruel dos meses”, avisa o poeta T. S. Elliot num verso de The Waste Land. O primeiro trimestre inteiro foi impiedoso com Dilma e seu partido, mas o quarto mês do ano tem sido perturbadoramente feroz. Nesta sexta, por exemplo, o índice da inflação anual e a taxa de desemprego passaram a rondar a fronteira dos dois dígitos. No sábado, a constatação menos desoladora extraída da pesquisa Datafolha informou que o raquítico índice de aprovação do governo Dilma não piorou. Hoje, os acólitos de Dilma e os devotos de Lula quase sucumbiram a um surto de euforia ao saberem que as manifestações de rua foram menos portentosas que as de 15 de março.

Talvez sejam apenas cínicos. Talvez vivam num mundo imaginário. Em qualquer hipótese, os incapazes capazes de tudo não entenderam nada, não aprenderam nada. Pior: nem desconfiam que agonizam brincando com fogo.


12/04/2015



0 comentários: