“O esquema de corrupção no
Brasil, de acordo com a investigação interna, era comandado pelo
empresário Julio Faerman, um dos mais influentes lobistas do setor e
dono das empresas Faercom e Oildrive. Ele assinava contratos de
consultoria com a SBM que serviam para repassar o dinheiro de propina
para diretores da Petrobras. Essas consultorias previam o pagamento de
uma ‘comissão’ de 3% do valor dos contratos celebrados entre a SBM e a
Petrobras – 1% era destinado a Faerman e 2% a diretores da petrolífera
brasileira.”
Em março do ano passado, um mês depois da reportagem, a então presidente da Petrobras Graça Foster anunciou que uma auditoria interna não encontrara nada de errado. Nesse mês, foi deflagrada a Operação Lava Jato. No começo de novembro, o Ministério Público da Holanda anunciou que a SBM havia sido multada naquele país em US$ 240 milhões em razão de propinas pagas mundo afora, INCLUSIVE NA PETROBRAS.
Só no dia 17 de novembro Graça Foster veio a público para admitir que, de fato, havia indícios de corrupção. Segundo ela, estava com essa informação desde meados do ano… E não falou pra ninguém. Agora se descobre que a CGU também amoitou a informação. A mesma CGU que negocia com a SBM um acordo de leniência…
Prestem atenção a este trecho da entrevista (em azul).
O sr. esteve com Faerman?
Várias vezes. Julio Faerman não era um
agente independente. Ninguém da Petrobras falava com a SBM sem ele. Era
altamente íntimo do esquema no Brasil, e atuava com seu filho Marcello e
o sócio Luiz Eduardo Barbosa.
CGU, SBM e Petrobras admitiram irregularidades somente em 12 de novembro.
A única conclusão que posso tirar disso é
que essas partes queriam proteger o Partido dos Trabalhadores e a
presidente Dilma ao atrasar o anúncio dessas investigações para evitar
um impacto negativo nas eleições. Para a SBM, era importante ter uma
sobrevida com os contratos no Brasil. É minha opinião.
O sr. aceitaria colaborar com a CPI no Congresso?
Claro. Provavelmente, se tudo isso tivesse sido descoberto mais cedo, Dilma Roussef não seria presidente.
Que tipo de documentos o sr. tem e entregou?
Tenho, por exemplo, uma gravação de Hanny
Tagher (ex-dretor da SBM) de uma reunião de 27 de março de 2012. Quando
perguntado por Bruno Chabas (CEO) sobre Julio Faerman, Tagher explica
quem é e o que fazia. Disse que, dos pagamentos feitos pela SBM para
comissões, 1% ficava com o Faerman, e a outra parte, 2%, iria para a
Petrobras. E eu perguntei então para ele, na gravação: “Petrobras?”. Ele
responde “Sim”.
Volto
Para encerrar: segundo Pedro Barusco, a SBM doou US$ 300 mil para a campanha de Dilma, em 2010, de forma irregular. Faerman teria sido o intermediário. O mais impressionante é que a CGU confirma a versão de Taylor, inclusive a data da entrega dos documentos. Para ela, no entanto, aqueles ainda não constituíam os “indícios mínimos”.
Reitero: a Controladoria-Geral da União é um órgão subordinado à Presidência da República. Dilma tenta se afastar da crise, mas a crise não se afasta dela porque é perseguida pelos métodos a que seu partido recorreu, inclusive para elegê-la e reelegê-la.
14/04/2015
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