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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Tiros em Realengo

G1


O país prostrou-se diante da notícia vinda do Rio de Janeiro: o jovem Wellington Menezes de Oliveira, ex-aluno da escola municipal Tasso da Silveira, no pacato bairro de classe média de Realengo (zona oeste do Rio), invadiu o estabelecimento e disparou seguidas vezes contra alunos.

Foram dez meninas mortas e dois meninos.

O criminoso também morreu.

Essa classe peculiar de massacre é inédita no Brasil, ao menos na quantidade de mortes dentro de uma escola e sem relação aparente com tráfico de drogas ou crimes passionais.

Segue um padrão sinistro, originário dos Estados Unidos, onde se conta uma dezena de episódios similares nas duas últimas décadas -entre os mais célebres figuram o de Columbine, Colorado (1999), e o de Virginia Tech (2007).

O fenômeno não é exclusivamente americano, contudo. Alemanha, Canadá, China, Escócia e Finlândia, entre outros, já presenciaram tragédias como essas -para falar apenas de massacres ocorridos em locais de ensino.

As notícias correm o mundo. Em todos os países se acham jovens perturbados, que num dado momento -sempre imprevisível, por mais que se esmiúcem os eventos- abrem a bala o caminho para uma triste fama.

A busca por algum sentido no massacre de Realengo se repetirá, de novo sem muita chance de sucesso. Por solidariedade, sensação de impotência ou mero oportunismo, políticos e especialistas estarão entregues ao exercício de propor soluções atabalhoadas, como o endurecimento das leis ou a instalação de um regime policial nas escolas públicas.

Mesmo que se posicionassem policiais em cada colégio, não haveria garantia de que tais episódios seriam evitados. Escolas são locais públicos; no Brasil, onde os estabelecimentos da rede oficial são notoriamente problemáticos, seria até desejável que mais pais de alunos e ex-alunos -a comunidade, enfim- os frequentassem.

Transformar escolas em fortalezas não impede nem a violência urbana, cotidiana e convencional.

O que dizer, então, de explosões irracionais como a do colégio Tasso da Silveira?

A hora é de luto e compaixão, mais que rompantes.

Ao poder público compete empreender investigação minuciosa da matança, para iluminar o que for possível sobre Realengo.

Por exemplo: como foram obtidas as armas usadas pelo atirador?

Não será surpresa constatar que, apesar de tantas campanhas de desarmamento, a facilidade de acesso às ferramentas da morte continua uma das falhas mais gritantes do trabalho policial no país.


08.04.2011

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