De, repente,
o que restou de um homem,
neste BRASIL,
entrou cambaleante
no pronto- atendimento
Ele girou
Vacilou
e
Caiu
A fetidez da carne
O hálito de embriaguez
O rosnado. O grunhido.
As palavras postas em quatro
O cabelo em desalinho
qual arame farpado
O rosto macerado
onde dois olhos assustados
espreitavam...
E dentro destes olhos,
existiam outros olhos
que brilhavam
Pois o que restou
de um homem
desejava desesperadamente
ser ainda amado
Eu? Eu sou a médica?
Alguém, por favor,
diga-me o que sou
ou o que serei
quando crescer
Bailarina? Não vale responder
poetisa, meu senhor
Ah, prometazina,haldol,
diazepan, onde está o sol?
Época de eleição!
Os lobos andam à solta
procurando uma refeição
E meus pensamentos
eram um só - eu, a louca:
Retirar o que restou
de um homem
Varrer o seu pó
da porta de entrada
antes que os sapatos
dos modernos socialistas
pisassem seu corpo,
e se arremessassem,
famintos, sobre a carcaça,
com a picardia falaciosa
de todos os Tempos,
a gritarem o refrão da arte na trapaça:
IGUALDADE-LIBERDADE-FRATERNIDADE
E o que restaria da médica
protegendo o que restou de um homem,
gemeria:
NÃO...NÃO..APENAS UMA PALAVRA BASTA-
"PIEDADE"
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