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terça-feira, 25 de março de 2008

As dez mais de 24 de março


1. Eleições - A repórter Vera Rosa, de O Estado, adianta que a reunião de hoje da cúpula do PT deverá encontrar uma brecha para salvar a aliança em Belo Horizonte com o governador tucano de Minas, Aécio Neves. A proposta, informa a repórter, passou pelo crivo do presidente Lula e sugere ainda que o PSOL da ex-senadora Heloísa Helena seja incluído na lista dos adversários nacionais do PT (uma ironia: Orestes Quércia pode, mas Chico Alencar não pode). Quem é o ganhador dessa pendenga? Aécio Neves, responde o blogueiro Ricardo Noblat. “Aécio terá estabelecido um novo paradigma político – o de que o PSDB e o PT não estão condenados a se opor para sempre. Desfilará como a nova encarnação do avô Tancredo Neves. Ou como pós-Lula, na definição dele mes! mo.” Noblat avalia, com pertinência, que, enquanto Aécio consolida sua imagem de pré-candidato amplo, seu adversário José Serra continua perseguido pela imagem de pouco aglutinador.


2. Eleições - Em uma entrevista morna à TV Gazeta, o presidente Lula anunciou que vai tentar eleger seu sucessor. “Se alguém acha que pelo fato de eu não ter candidato nós não vamos ganhar as eleições, pode começar a se preocupar porque eu estou trabalhando para a gente ganhar as eleições. Não é à toa que impediram a aprovação da CPMF”, disse Lula. Como não podia deixar de ser, lá pelas tantas, Lula cutucou FHC: “Estou fazendo (ajudando) com o Serra o que o Fernando Henrique não fez com o (ex-governador de SP) Mário Covas”, disse.


3. Gastos públicos - Em auditoria preliminar, o TCU (Tribunal de Contas da União) identificou irregularidades em 35% das notas fiscais da Presidência da República. O trabalho dos procuradores apura ainda se houve pagamentos indevidos em viagens do presidente ou na segurança de seus familiares. Entre os casos que o Ministério Público investiga está o de um único fornecedor – uma empresa de locação de veículos com sede em Santana do Parnaíba (SP) – onde a diferença de valores é de R$ 37.300. As vias anexadas às prestações de contas já aprovadas no Planalto somam R$ 40.400. Mas o valor no talonário é de apenas R$ 3.100, informa a Folha.


4. Os números do dia - Pressionado, o JP Morgan Chase admitiu pagar um pouco mais pela galinha-morta do Bear Stearns, que até o mês passado era o quinto banco americano. Segundo o The New York Times, a nova oferta deve ser de US$ 10 a ação, e não US$ 2, como fora ofertado inicialmente. Um mês atrás, antes de virar pó, o valor de mercado do Bear era de US$ 30 a ação. O acordo deve ser a linha mestra do funcionamento dos mercados hoje. Na Ásia, o dia foi de repercussões com a vitória dos nacionalistas na eleição de Taiwan. Devido a um feriado, a Bolsa de Hong Kong não operou.
Seul (hoje) – alta de 0,58%
Xangai (hoje) – queda de 4,49%
Tóquio (hoje) – queda de 2,48%


5. Economia/Brasil - Na vida real, a preocupação das empresas é como se adaptar ao novo Brasil, em que as classes C, D e E já respondem por metade do consumo do país. No setor de alimentos, elas passam de 70%. "Quem não estiver alinhado com essa realidade provavelmente estará fora do mercado nos próximos anos", afirmou à Folha Ivan Zurita, presidente da Nestlé no Brasil, que investiu R$ 300 milhões nos últimos três anos para criar uma divisão destinada à baixa renda. A reportagem mostra como uma tradicional empresa do setor de beleza (a matéria não diz, mas é a Natura) perdeu sua liderança para uma rival (a Avon) por não ter uma estratégia de marketing para as classes C e D.


6. Economia/EUA - O The Wall Street Journal traz análise sobre os EUA pós-crise (partindo do princípio de que essa montanha-russa nas Bolsas acaba um dia): será um país muito mais protecionista. O temor da recessão, o discurso anti-Nafta na campanha eleitoral, os simbólicos casos de recall de brinquedos chineses defeituosos geraram, diz o WSJ, um clima de desconfiança da capacidade de as empresas manterem padrões de qualidade sem um controle estatal. “A idéia quanto menos regulamentação estatal melhor para a economia era duradoura em Washington desde o governo Reagan. Mas está sob pressão, não importa quem ganhe a eleição da Casa Branca”, afirma o WSJ.


7. Sem-Terra - De João Pedro Stedile à colunista Mônica Bergamo, sobre a liminar judicial obtida pela Vale proibindo o Movimento Sem Terra de paralisar suas atividades: "Se os problemas sociais de nosso país pudessem ser resolvidos com interditos proibitórios... a burguesia se mudaria para Paris e deixaria apenas para os seus advogados administrarem as contas bancárias". Anote: a disputa política do MST com Vale e outras multinacionais será uma das discussões no ano. Repleta de som e fúria.


8. Bingos - O Globo informa que o governo voltou a discutir a possibilidade de liberar os bingos no país, mas sob controle federal e com cartelas emitidas pela Caixa Econômica Federal. Os caça-níqueis (que você vê em cada padaria de esquina) continuariam sendo proibidos. Como o jogo do bicho. Na linha recordar é viver: o governo Lula pretendia regulamentar os bingos em 2004, quando o repórter Andrei Meirelles, de ÉPOCA, trouxe à tona as peripécias de Waldomiro Diniz, o articulador do projeto dentro da Casa Civil e arrecadador de dinheiro de bicheiro nas horas vagas. Num movimento contraditório, o governo Lula decidiu, então, proibir os bingos. A oposição derrubou o projeto e a maioria dos bingos funciona hoje através de liminares. Por que o governo voltou atrás e agora quer os bingos legais? Para garantir os votos no Congresso da turma da Força Sindical, central que assumiu pa! ra si a bandeira dos empregados dos bingos. De quebra, ganha a simpatia dos bingueiros, que terão amparo legal para continuar suas atividades como se fossem lotéricos.


9. Metalurgia - O repórter Eduardo Kattah, de O Estado, foi à cidade mineira de Itaúna para relatar a história de José Mendes Nogueira, de 82 anos, o mais novo bilionário brasileiro. A surpreendente ascensão de Zé Nogueira é reflexo da enorme – e aparentemente inesgotável – demanda internacional pelo minério de ferro. Iniciada há seis anos, a corrida pelo ferro atraiu as maiores mineradoras e siderúrgicas do mundo para o interior de Minas Gerais. Fundada há quatro décadas por Zé Nogueira, a J. Mendes foi vendida para a Usiminas por US$ 925 milhões – em dinheiro e à vista. Mas o preço final poderá chegar a US$ 1,9 bilhão caso se comprove o total das reservas, estimado em 1,4 bilhão de toneladas de minério.


10. África - Os políticos têm respirado mais aliviados recentemente e um pouco se deve à ausência de Brasília do repórter Fábio Zanini. E onde está Wally? No Zimbábue, tentando atravessar a África de ponta a ponta. Em seu blog, Zanini conta que já ganhou seu primeiro bilhão de dólares. É bem verdade que são dólares do Zimbábue, e que essa montanha de dinheiro vale menos de R$ 70. “As notas são em papel vagabundo, sem frescuras como marca-d'água. Valem tão pouco que ninguém vai querer falsificar. Ah, e têm prazo de validade, como se fosse um iogurte. As minhas valem até 30 de junho.”


A capitulação
Um velho ditado diz que para sair de um poço a primeira coisa a fazer é parar de cavar. Hoje, o Financial Times tenta dar um pouco de racionalidade nos movimentos do mercado e define essa nova situação como “capitulação”. Em bom português, dias piores virão. “Talvez o argumento mais convincente de que ainda não chegamos ao fundo do poço é que muita gente pensa que já chegamos. O clamor por um final dessa crise nas últimas semanas mostra que o otimismo ainda não acabou. Os piores momentos do mercado, historicamente, foram pontuados por corridas quando já se achava que o pior havia passado. (...) É forte a hipótese de uma piora sensível no mercado (bear market) nas próximas semanas, justificada pelas más notícias no front do crédito. Mas é difícil dizer que será o fundo do poço. Ou nas palavras de um analista cético: 'O fundo do poço virá quando todos já desistiram até de procurá-lo'. Esse momento, infelizmente, ainda n! ão chegou”, escreve o FT.


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