O drama do esfriamento econômico nos Estados Unidos faz sua primeira grande vítima fatal: o banco de investimentos Bear Stearns. E agora?
A ERA DO GELO: até onde soprarão os ventos gelados da recessão americana? |
QUEM ESCAPOU PARA CONTAR a história sabe que o golpe de um urso vem de cima para baixo. A patada é tão poderosa que o bear (urso, em inglês) virou símbolo de mercado em baixa e acompanha os gráficos de queda das ações nas bolsas de valores. Quando elas sobem, a imagem usada pelos analistas é a do touro (bull), que golpeia de baixo para cima. Na semana passada, o derretimento de um banco de investimentos nos Estados Unidos derrubou as bolsas em vários países e aumentou as dúvidas sobre o tamanho da crise na maior economia do planeta. Ironia das ironias, a vítima fatal da crise de confiança no mercado bancário americano tem urso até no nome: Bear Stearns.
Será esta apenas a ponta do iceberg financeiro que arrastará o mundo para a recessão?
Não está fácil decifrar o enigma da segunda recessão econômica dos Estados Unidos neste século. A primeira foi em 2001. Hoje, a maioria (75%) dos americanos acha que a recessão já chegou, agravada pelo estouro da bolha imobiliária e o colapso do mercado de hipotecas de alto risco, segmento chamado de subprime. “O grande dilema da crise do subprime é que ninguém sabe o seu tamanho”, diz o economista Alkimar Moura, ex-diretor de Política Monetária do Banco Central. O mico das hipotecas podres está nas mãos de bancos e de grandes investidores americanos e europeus. “O que era um problema de um setor específico da economia, o imobiliário, virou um problema global”, afirma Moura. Como as instituições financeiras trabalham alavancadas, com ativos muitas vezes superiores ao patrimônio líquido, uma crise de confiança com relação à qualidade desses ativos pode precipitar uma corrida bancária e sangrar o banco. Foi o que aconteceu com o Bear Stearns.
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