A sequência dos lances que culminaram na demissão da ministra-chefe da Casa Civil confirma um traço grotesco da política brasileira no governo Lula.
Erenice Guerra não foi demitida porque ocupou o cargo com postura incompatível com a função que exercia.
Caiu porque tornou-se um incômodo à Presidência e ao partido às vésperas de uma eleição que pode selar a permanência do aparato petista no poder.
A revelação da história de Israel Guerra por VEJA não causou constrangimento ao governo. Desencadeou apenas uma mobilização partidária voltada à blindagem de Dilma Rousseff.
O próprio presidente assumiu as rédeas da espinhosa missão de afastar a candidata do caso – como se fosse possível separar a conduta de Erenice, auxiliar de fidelidade canina, da maneira como Dilma conduzia a Casa Civil.
Afinou o discurso com a equipe e costurou a proteção à candidata.
Não contava com a incompetência da ministra.
Erenice selou seu próprio destino ao assinar nota virulenta e tola, que atacava o adversário José Serra e recolocava o escândalo na esfera eleitoral.
Tivesse submetido o texto ao crivo da Secretaria de Comunicação do governo, zelosa do favoritismo de Dilma nas pesquisas e ciente da necessidade de esfriar a temperatura do episódio, Erenice poderia ter escapado à guilhotina.
Mas cometeu o pecado capital do petismo.
A falha moral passou batida, mas a nota que pôs uma pedra no caminho da manutenção do poder foi castigada com rapidez exemplar.
16/09/2010
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