E CAIU
Um dia, a Casa Civil cai
Por Eliane Cantanhêde
Folha de São Paulo
Folha de São Paulo
Erenice Guerra era da liderança do PT na Câmara, uma fábrica de dossiês contra Collor, Itamar, FHC, Ibsen Pinheiro (que despontava como presidenciável) -enfim, contra tudo e todos.
Dali, os dossiês vazavam para as redações e para as então temidas CPIs, de boa lembrança. Os autores eram os "puros"; os que caíam na rede eram os "impuros".
Com o tempo, autores, vítimas e réus foram se misturando perigosamente.
Não há mais "puros", a população conclui que todos são "impuros".
Da fábrica de dossiês, Erenice pulou para a Secretaria de Segurança Pública do DF no governo Cristovam Buarque (então PT), enquanto usava laranjas para abrir justamente uma empresa privada de investigação, segurança e vigilância.
Ou seja: de dossiês.
Digite aqui o resto do postE não é que ela foi galgando degraus até chegar ao Palácio do Planalto, aboletar-se como secretária-executiva na principal pasta do governo e dali fabricar o dossiê, ops!, o "banco de dados" contra Ruth e Fernando Henrique Cardoso?
Os chefes, Lula e Dilma, devem ter gostado muito dela e dos seus préstimos: depois de uma vida inteira de dossiês, Erenice foi promovida a ministra-chefe da Casa Civil.
Ela, porém, tem chance zero de ser mantida nesse ou em algum outro cargo, porque se esqueceu de uma coisa: quem araponga, arapongado será. Principalmente se tiver rabo preso e uma árvore genealógica enraizada pela máquina pública, de onde caem de maduros filhos, irmãos, afilhados e aparentados, alguns envolvidos com lobby e imiscuindo-se na bandidagem.
Um dia, a Casa (Civil) cai.
Não é a primeira e possivelmente não será a última vez, principalmente com esse "projeto político" que José Dirceu anuncia por aí.
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