O ódio fantasiado de Lula
Por Marcos Pontes
Como é mesmo aquele papo do Voltaire?
“Posso não concordar com o que dizes, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo”, é isso?
A propósito, o presidentezinho sabe, por um acaso, quem foi Voltaire?
Ontem, em Santa Catarina, com os olhos injetados de ódio ou álcool, ao pregar a extirpação do DEM, que de oposição é apenas um arremedo bissexto, da vida política nacional, ficou no subtexto seu caráter ditatorial. Como bem sabem os que conseguem ler as intenções paranóicas de Lula, defender o fim de um partido de oposição reflete sua intenção, ou desejo, de ver toda a oposição acabada.
Desde o início de seu primeiro mandato, Lula espalhou para seus seguidores cegos e acéfalos que seu governo, ele próprio e, de quebra, seu partido, não têm oposição, mas, sim, golpistas. Seguindo a cartilha leninista, ao lançar os correligionários com fúria contra os adversários usa da tática de dividir para conquistar.
Depois da conquista, livra-se dos companheiros inadequados para seus planos megalomaníacos. Assim fazem os déspotas desde o início da modernidade, embora o ensinamento seja desde antes da invenção dos partidos políticos modernos, como ensinaram Maquiavel e Lao Tsé.
Com voz raivosa, Lula acusou o DEM de ser um partido que dissemina o ódio. Parece uma contradição, mas não é. O ódio do presidentezinho soa aos ouvidos de seus sequazes como a defesa firma contra quem prega o ódio. Já que ele gosta de comparar-se com grandes nomes, como Getúlio e JK, dou-me a liberdade de comparar sua postura com a de Jesus Cristo ao expulsar, à base de chicote, os vendilhões do templo. Desculpem-me a heresia.
Lula não é santo, sequer chega aos pés do Cristo, além do quê, a ira de Jesus não foi de caso pensado, mas um arroubo contra os que desfaziam-se da fé que espalhava. Lula faz exatamente o inverso: usa do ódio para propagar as suas certezas (e de seus mentores que vivem nas sombras, aqueles a quem Golbery chamaria de “luas pardas”).
Para quem tem o mínimo de poder de análise, já está muito claro que democracia e lulismo são antíteses. Ele e sua camarilha usam em vão o santo nome da democracia para enganar, ludibriar, lesar, furtar, saquear e, principalmente, apoderar-se permanentemente do poder sob a falsa aparência de verdadeiros democratas injustiçados.
Os jornais não dão ao episódio o devido tamanho da loucura do líder. Narram o episódio como algo normal, sem a mínima análise da cal que Lula lançou sobre o direito de cada cidadão, seja personalizadamente, seja por meio de um grupo, de manifestar-se, de opor-se a ele ou a quem quer que seja, seja contra a idéia que for.
No caminho traçado e aos poucos trilhado por essa esquerda raivosa, revanchista e sedenta de poder e dinheiro público, fora o personalismo que a vaidade presidencial que rege seus atos, Lula ameaça desmontar qualquer voz contrária à sua falsa imagem de “paz e amor”.
Prepara o caminho ditatorial, previamente acordado no Foro de São Paulo, para que sua virtual sucessora (embora eu ainda acredite no segundo turno, de verdade e não apenas por desejo) jogue as pedras e depois o asfalto, cobrindo por sedimentos sólidos o caminho que a falsa ditadura do proletariado percorrerá.
Não nos deixemos seduzir pelo canto da sereia barbuda que rouba e deixa roubar. Mantenhamo-nos empunhando nossa frágil bandeira da legalidade e da democracia esfarrapada que ainda nos resta.
Sejamos ou não simpatizantes do DEM e de sua política, devemos nos congraçar na defesa do direito que o DEM, qualquer partido e qualquer cidadão tem, naturalmente, de dizer o que lhe convier.
Para coibir abusos, existe a lei. E essa lei não pode sobrepujar-se ao artigo 5o da Constituição Federal, não a vontade do reizinho dos vermelhinhos irados.
©Marcos Pontes
Setembro 14, 2010
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