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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

É parte da tomografia computadorizada do cérebro de Dilma Rousseff, o único do mundo habitado por um neurônio solitário.

Celso Arnaldo revisita o único cérebro do mundo habitado por um neurônio solitário

Por Augusto Nunes e
 Celso Arnaldo


Endereçado ao nosso grande Santeófilo, o comentário do Celso Arnaldo vale um post no Direto ao Ponto.

É parte da tomografia computadorizada do cérebro de Dilma Rousseff, o único do mundo habitado por um neurônio solitário.


Confira:

Santeófilo, amigo

Volto a insistir: a Dilma é perfeitamente compreensível. Como tentei mostrar aqui uma vez, Guimarães Rosa pode ser incompreensível. Este é um trechinho de seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, com uma hora e meia de duração, em 16/11/1967:

“Nada desandava, entretanto, nem desconchavando mesmo a quem não afeito a esse ritmo e velocidade de espírito.

Inteligência que ao auge resplêndida se exercia, quando no aperreio do arrocho e já a horas de estalar, sem beirada o prazo.

Dele então se inesperava: faísca, a inédita ideia, terminante, ou a útil definição, saltada acima, brasa.

Ainda mais se em contenda.

Parece mesmo que, para com toda a eficácia fixar-se a escogitar coisa do correr comum, primeiro carecesse ele de atribuir-lhe sentido adverso hostil, para acometida e de vencida.”

Eu levei duas horas e meia para decifrar o pleno sentido dessa passagem — belíssima, por sinal, como todo o discurso roseano, aliás o último texto de sua vida, pois morreria dois dias depois. Há mais de um ano estudo esse discurso. E não compreendi ainda a metade.


Quando Dilma diz “Mãe acha que vai quebrar, vó acha que não quebra”, o sentido é óbvio — mãe tem medo de mexer no bebê, que parece vir de fábrica com a etiqueta “cuidado, frágil”.

A avó, pela experiência com a própria mãe, é mais despachada, mais confiante na lida com aquele ser tão pequeno.

O sentido, portanto, é claro.

Dá sempre para perceber, com um pouco de treino, o que ela quer dizer.

O problema de Dilma, Santeófilo, é a forma — não o conteúdo.

Não existe na história da República — Velha, Nova, Lulista — sintaxe mais deformada. Que nao é fruto apenas de pouca intimidade com as letras — por si só fenomenal no caso dela — mas de absoluto distanciamento do mundo das ideias, até para expressar um sentimento pessoal.

Depois do bebê quebradiço, na mesma entrevista, ela se saiu com esta, para explicar sua pequena parada na campanha:

“Quem que tem filhos não quer ser avó ou avô?

Acho que é compreensível porque todo mundo no Brasil tem filhos, netos”.


Esse “quem que tem” é Dilma puro, mas a gente entende o que ela quer dizer: ser avô ou avó está na alma das pessoas, é uma coisa natural da espécie.

Mas é na generalização rasteira que o pensamento desaba.


Eu, Celso Arnaldo, tenho filhos, mas não tenho netos. Meus filhos, portanto, não têm filhos. Basta um caso pessoal para desmentir cabalmente esse aberrante “porque todo mundo no Brasil tem filhos, netos”.

Dilma, Santeófilo, é incorrigível.
Mas é perfeitamente compreensível — ela não tem status intelectual nem para não se fazer entender.

 Direto ao Ponto
12/09/2010 

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