Oposição cobra explicações de Dilma e Lula sobre denúncia da revista Veja
Geraldo DocaIsabel Braga,
Cristiane Jungblut
e Catarina Alencastro
Cristiane Jungblut
e Catarina Alencastro
BRASÍLIA e GOIÂNIA - A empresa Capital Assessoria e Consultoria, que pertence - ou pertenceu até recentemente - a Israel Guerra, filho da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, ajudou a companhia de carga Master Top Airlines (MTA) a renovar sua concessão junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
O contrato venceu em meados de dezembro passado, mas como a MTA tinha pendências com a Receita Federal, chegou a ser suspenso.
A assessoria de Israel Guerra conseguiu reverter a situação da empresa aérea em menos de uma semana. A ação pode constituir tráfico de influência. Erenice sucedeu a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, no ministério.
O contrato venceu em meados de dezembro passado, mas como a MTA tinha pendências com a Receita Federal, chegou a ser suspenso.
A assessoria de Israel Guerra conseguiu reverter a situação da empresa aérea em menos de uma semana. A ação pode constituir tráfico de influência. Erenice sucedeu a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, no ministério.
A informação é do diretor de Operações dos Correios, coronel Eduardo Artur Rodrigues Silva, responsável pela área de contratos da estatal. Embora ele diga que não conhece o filho da ministra, confirmou ao GLOBO no sábado que a Capital foi acionada pela MTA no fim de 2009.
Sem obter da Receita a Certidão Negativa de Débito (CND), a cargueira não conseguiu renovar o contrato de concessão com a Anac e perdeu, por alguns dias, a autorização para operar.
Sem obter da Receita a Certidão Negativa de Débito (CND), a cargueira não conseguiu renovar o contrato de concessão com a Anac e perdeu, por alguns dias, a autorização para operar.
Na ocasião, o coronel Silva ainda não trabalhava nos Correios, mas prestava assessoria para a MTA, junto aos órgãos de aviação civil, já que é especialista na área. Indicado pela Casa Civil, ele assumiu o cargo de diretor de Operações dos Correios em agosto último.
Silva disse que só ficou sabendo do serviço prestado pela Capital à MTA porque o documento elaborado pela empresa de consultoria foi reenviado ao escritório da sua empresa no Rio, a Martel Assessoria e Consultoria Aeronáutica, para ajustes.
O texto da Capital embasava o pedido de renovação do contrato, alegando que o débito tinha sido quitado.
O texto da Capital embasava o pedido de renovação do contrato, alegando que o débito tinha sido quitado.
Segundo reportagem publicada pela revista "Veja" neste sábado, o filho de Erenice Guerra atuou como lobista da MTA junto aos Correios.
Com sua influência no governo, segundo a revista, ele teria sido o responsável pelo contrato da cargueira com a estatal, no valor de R$ 84 milhões. Ainda de acordo com a "Veja", a Capital Assessoria e Consultoria teria recebido comissão de R$ 5 milhões pelos trabalhos, como "taxa de êxito" - ou, o resultado positivo do lobby.
Segundo a revista, a ministra, que sucedeu Dilma na Casa Civil, também teria participado da intermediação.
Erenice Guerra divulgou neste sábado nota reagindo à reportagem da "Revista Veja".
A oposição cobrou uma explicação da ex-ministra e candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT) e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Dilma disse que a oposição está à procura de uma " bala de prata " e saiu em defesa de Erenice, garantindo que confia nela. Em São Paulo, o líder o PT na Câmara, Cândido Vaccarezza, disse que a denúncia é vazia e quem usá-la eleitoralmente vai cavar a própria cova.
Dilma disse que a oposição está à procura de uma " bala de prata " e saiu em defesa de Erenice, garantindo que confia nela. Em São Paulo, o líder o PT na Câmara, Cândido Vaccarezza, disse que a denúncia é vazia e quem usá-la eleitoralmente vai cavar a própria cova.
Serra considera denúncia gravíssima
Em Goiânia, onde realizou um comício neste sábado, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, considerou "gravíssima" a denúncia da revista. Para Serra, a Casa Civil é um "foco de problemas".
- Eu achei uma denúncia gravíssima, junto com as prisões no Amapá , (cujos presos) que é uma coligação apoiada por Dilma - disse Serra, emendando: - Não é possível que alguns partidos, alguns candidatos achem natural esse processo de corrupção no país.
Não é natural não.
E, diga-se de passagem, a Casa Civil tem sido um foco de problemas no Brasil.
Eu lembro que no caso do mensalão, na época do Zé Dirceu, a Casa Civil foi o centro do problema. Depois esteve lá a Dilma e deixou lá o seu braco direito, uma pessoa muito próxima.
Hoje, de novo o centro da maracutaia é a Casa Civil.
Não é natural não.
E, diga-se de passagem, a Casa Civil tem sido um foco de problemas no Brasil.
Eu lembro que no caso do mensalão, na época do Zé Dirceu, a Casa Civil foi o centro do problema. Depois esteve lá a Dilma e deixou lá o seu braco direito, uma pessoa muito próxima.
Hoje, de novo o centro da maracutaia é a Casa Civil.
Lembrando que foi na gestão do ex-ministro José Dirceu na Casa Civil que surgiu o escândalo do mensalão, Serra afirmou:
- E agora volta a ser um centro de maracutaia. Tem que ter punição.
O coronel Silva também foi citado em reportagens recentes como sendo o dono da MTA, o que ele nega categoricamente. Afirma apenas que prestava assessoria à companhia. Silva confirmou também que Fábio Baracat, citado na reportagem da "Veja", fazia negócios em nome da MTA em Brasília.
- Ele agia em nome da empresa em Brasília. Tinha uma procuração para isso - afirmou Silva. - Ele participou, inclusive, de uma audiência pública nos Correios em dezembro de 2008, como representante da MTA.
Silva admite proximidade com a MTA, mas nega que isso tenha ajudado na indicação do seu nome para o cargo nos Correios. Como consultor da Martel, contou que ajudou a companhia de cargas em 2005. Disse também que sua filha era casada, até três anos atrás, com o presidente da MTA.
Ele negou que mantenha, atualmente, vínculos com a empresa, tendo se afastado também da Martel. A filha assumiu a consultoria.
Ele negou que mantenha, atualmente, vínculos com a empresa, tendo se afastado também da Martel. A filha assumiu a consultoria.
- Não tenho vínculo com nenhuma empresa. Quero que provem.
A MTA tem contrato com os Correios para prestar o serviço de carga aérea na linha Manaus-São Paulo, uma das mais rentáveis da estatal. Em maio passado, a companhia assinou um contrato emergencial para explorar o serviço por seis meses, até 10 de novembro.
De acordo com a "Veja", a empresa Capital Assessoria e Consultoria, que teria sido aberta em julho de 2009 por Israel Guerra, fez lobby junto ao governo para viabilizar que o empresário Fábio Baracat - autor das denúncias na revista - ampliasse com os Correios contratos da MTA (Master Top Airlines) e da Via Net Express, que atuam na área de transporte de correspondências. Baracat seria sócio da MTA à época.
A reportagem diz que Erenice se encontrou quatro vezes com o empresário Fábio Baracat, inclusive no apartamento funcional que ocupava no centro de Brasília.
Todos os encontros, afirma a revista, aconteceram fora da Casa Civil, entre agosto de 2009 e abril deste ano, e sempre com a participação do filho de Erenice.
Todos os encontros, afirma a revista, aconteceram fora da Casa Civil, entre agosto de 2009 e abril deste ano, e sempre com a participação do filho de Erenice.
O empresário Fábio Baracat nega as acusações feitas pela "Veja". Em nota, ele afirma ter sido "mais uma personagem de um joguete político-eleitoral", disse.
Embora reconheça que conhece Erenice e Israel, disse que nunca tratou de negócios ou de política com eles.
No início da noite, a revista "Veja" divulgou uma nota na qual afirma que as entrevistas feitas com Baracat foram gravadas.
Embora reconheça que conhece Erenice e Israel, disse que nunca tratou de negócios ou de política com eles.
No início da noite, a revista "Veja" divulgou uma nota na qual afirma que as entrevistas feitas com Baracat foram gravadas.
'Está implantado o assaltão'
- Onde começou o mensalão, agora está implantado o "assaltão". José Dirceu, Erenice e Dilma são uma coisa só. Ou o presidente Lula demite a Erenice, ou assina embaixo o que ela fez e admite que sabia.
A Erenice é da cozinha do Lula, é da Casa Civil. Erenice é 100% Dilma e Dilma é 100% Erenice - disse o líder do DEM, Paulo Bornhausen.
Na mesma linha, o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE), disse que a oposição vai explorar mais esse caso de irregularidade no governo do PT.
- É de dentro da Casa Civil.
É algo extremamente grave e queremos um esclarecimento total.
Não vamos nos omitir nisso. Vamos partir para cima.
Em outras épocas, era aberta uma CPI em 24 horas.
E agora não venham nos dizer que queremos ganhar no tapetão.
É a Dilma.
A Dilma é candidata secreta - disse Sérgio Guerra.
11/09/2010
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