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domingo, 17 de outubro de 2010

Entrevista com Mônica Bergamo: "Olha, sou tudo, menos serrista."


Entrevista com Mônica Bergamo

Nome. Mônica Bergamo

Jornalista. Titular da Ilustrada da Folha de São Paulo

Entrevista realizada por Pedro Venceslau/Revista Imprensa/Dez 2007


Título: Já me chamaram de tucana e de petista


Fonte: Portal Imprensa


Link:
http://www.almanaquedacomunicacao.com.br/artigos/997.html
IMPRENSA- Você é festeira?
Mônica Bergamo- Sou, mas só gosto de festa com jornalista. Nas outras a que eu vou, pego a nota e volto. No jantar da rainha Sílvia, da Suécia, que foi uma super, hiper, megafesta, sentei ao lado do Fernando Arruda Botelho [acionista do Grupo Camargo Corrêa] e perguntei: "Como está essa coisa dos espanhóis?". Ele falou: "Os espanhóis vão arrebentar os empresários brasileiros". Deu primeira página. No outro dia, fui a um jantar onde estava o vice-presidente da GM. Eu não sabia direito o que perguntar, então pensei: "Bom, os empresários, com o Brasil a mil, estão buscando financiamento". Então cheguei nele e perguntei: "Qual seu pleito no BNDES?". Ele respondeu:  "R$ 650 milhões". Estou sempre procurando arrancar.

Na sua coluna, você costuma contar alguns diálogos ou detalhes dos bastidores que, às vezes, são hilários, mas revelam coisas que a fonte nem sempre gostaria que fossem publicadas... O quê, por exemplo?

A Juliana Paes pediu para não contar que a unha dela é postiça porque é garota-propaganda de uma marca de esmalte, a Colorama... O jornalista é como padre. Se a pessoa pede off, eu respeito. Agora, se você vê que a Mônica é uma colunista que se veste mal, por que não colocaria isso na matéria? Não tem sentido que eu peça para você escrever que eu me visto bem.

A Heloísa Helena pegou pesado quando chamou você de desqualificada?
Na sabatina da Folha, o jornalista Valdo Cruz perguntou se era verdade que ela tinha votado contra a cassação do Luiz Estevão. Ela respondeu: "Disseram até que eu dormi com o cabra... Não durmo com homem rico e ordinário. Eu vomito em cima". No dia seguinte, o jornal me mandou ouvir o Luiz Estevão. Ele disse:  "Se ela teve alguma ânsia de vômito comigo, ela engoliu". A Heloísa Helena não está blindada à resposta de outra pessoa. Foi ela que trouxe esse assunto a público em uma sabatina da Folha de S.Paulo.

Vive muitos dilemas éticos na coluna?
A Folha é muito bem-resolvida nesse aspecto. Sabemos que os leitores se interessam por notícias sobre a vida pessoal das pessoas públicas. Os casos extremos de separação e doença publicamos com o consentimento da fonte. Uma vez, quando o Arnaldo Antunes se separou, uma pessoa muito ligada a ele, em off, confirmou a história. Mas foi ele ou o melhor amigo que se separou? Então não demos. E se ele ainda não tivesse avisado à mãe e aos filhos?

Você publicaria a foto de uma personalidade casada na praia com uma amante? Ou o furo de uma briga conjugal?
Não. Vou dar um exemplo. Eu sempre soube que Caetano Veloso e Paula Lavigne estavam brigando e se separando, mas não falei nada na coluna. É uma regra daFolha. No dia em que se separaram de vez, ele me mandou um e-mail contando. Foi um puta furo. Agora, veja bem, isso não significa que eu não adoreee publicar esse tipo de nota... (risos).  

Em 1994, quando você trabalhava na Veja, foi escalada para ir a Portugal entrevistar a jornalista Miriam Dutra, da Globo, que teria um filho com o Fernando Henrique.  Por que essa matéria não saiu? Por que, na sua opinião, o filho dele fora do casamento nunca foi notícia? Existe uma tremenda falsa polêmica nessa história. Como você sabe que ele tem [um filho fora do casamento]? Quem te falou isso?

A revista Caros Amigos...
E quem falou para a Caros Amigos?

Ninguém desmentiu.
Ninguém desmentir é uma coisa. Outra coisa é afirmar. Nunca ela falou publicamente que o filho é dele. O FHC também nunca falou sobre isso. Quando eu trabalhava na Veja, a revista fez o oposto do que pensam e mobilizou seus repórteres para esclarecer a história. Fui enviada a Portugal, onde ela morava. Sentei na frente da Miriam, liguei um gravador e fiz perguntas que, atualmente, talvez eu não fizesse: "Ele é o pai do seu filho? Quem é o pai do seu filho?". Hoje, com 40 anos e uma filha, eu não faria da mesma forma. Fui pitbull. Ela falava: "Eu não vou dizer. Nem o pai do meu filho pode dizer isso. Nunca vou dizer". Não é que a imprensa protegeu e não foi investigar. A Vejafoi... eu fui checar a história. Investigamos documentos, fomos atrás da família dela. E nada autorizava a publicação da matéria. Isso me faz lembrar de outro caso como se fosse hoje... Quando disseram que o Maluf tinha uma filha, fui à casa da menina. Achei que ela era a cara dele. Todo mundo achava. No final das contas, não era.

Mas a Lurian, filha do Lula, rendeu várias matérias em 1989...
Espera aí... A Lurian foi registrada desde o dia que nasceu como filha do Lula. Ela e a mãe falaram com o repórter que fez a matéria. Depois virou uma baixaria de campanha, mas não é certo dizer que a imprensa publicou a filha de um, mas não a de outro.

A Caros Amigos errou ao publicar essa história?
Eles têm todo o direito de chegar às conclusões a que chegaram. Mas o que fizeram foi entrevistar os jornalistas sobre uma fofoca que existia e a própria Miriam, que disse que não responderia. Se a Mônica [Veloso], mãe da filha do Renan, não tivesse falado nada de sua vida pessoal, garanto que a Folha não teria publicado.

Então você não colocaria na coluna a notícia sobre um político ter uma amante ou uma filha fora do casamento, mesmo que esse político fosse o presidente?
Jamais... Não há interesse público nisso. Meu pai casou cinco vezes. Alguns desses casamentos foram concomitantes. Eu sei o que é isso. Esse assunto só interessa ao núcleo familiar. A Mônica Veloso decidiu resolver dessa forma.

Você já foi chamada de petista?
Já me chamaram de tucana e de petista. Em época de campanha as coisas ficam muito burras. Ou você é petista ou é tucana.

Foi mais chamada de petista ou de tucana?
Colocamos [na coluna] muita foto de tucano. Por quê? Porque eles freqüentam mais as festas em São Paulo.

Olha, sou tudo, menos serrista.

No entanto, o governador vai muito a festas. Fazer o quê? Quando a Marta era prefeita, também saía muito e, conseqüentemente, aparecia mais na coluna. O Kassab está em todas, não perde uma festa. Já Lula, Palocci e Zé Dirceu não costumam sair muito. Os jantares dos petistas são menores, mais reservados. Eles não são de aparecer em lançamento de livro e shows, por exemplo.
Dez 2007

1 comentários:

Anônimo disse...

"Olha, sou tudo, menos serrista" Entendi. Mônica Bergamo só publica acusação de aborto de adversários políticos, principalmente em campanha eleitoral, mesmo que a acusação tenha partido de uma pessoa desconhecida e duvidosa, sem qualquer prova evidente e sem que a veracidade de sua afirmação tenha sido, sequer, verificada pela jornalista. A ética de Bergamo só consegue se solidarizar com as dores que lhe dizem respeito! Agora entendi, ela é tudo menos serrista!