Procuradoria suspeita que BNDES favoreceu LLX, do empresário Eike Batista
Por Regina Alvarez
O Globo
O Globo
BRASÍLIA - O procurador do Ministério Público Marinus Marsico protocolou na última terça-feira uma representação pedindo que o Tribunal de Contas da União (TCU) investigue "possível ato antieconômico" por parte dos gestores da BNDESPar - braço de participações do BNDES - em um contrato firmado em abril de 2009 com a LLX Logística, do megaempresário Eike Batista.
Marinus suspeita de favorecimento, diante das cláusulas fixadas.
Ele analisou a operação, que envolveu a compra de novas ações emitidas pela LLX por R$ 150 milhões (contrato de promessa de subscrição de ações).
E concluiu que os acionistas da LLX obtiveram ganho de R$ 89,2 milhões valendo-se da opção de recompra das ações pelo valor original corrigido, sem considerar o valor de mercado, alternativa que não é usual em operações semelhantes do BNDES.
O procurador analisou 17 operações com características semelhantes entre o BNDES e empresas privadas, e em apenas duas havia opção de recompra das ações, sendo uma delas o contrato com a LLX.
- O que se observa é que a cláusula era desnecessária, não fazia sentido - diz Marsico.
Em abril de 2009, as ações foram entregues ao BNDES pelo valor unitário de R$ 1,80.
Cinco meses depois, a LLX exerceu o direito de recompra de 50% do total e pagou R$ 2,30, quando no mercado os papéis já valiam, em média, R$ 4,44, destaca o procurador.
O ganho estimado decorre dessa diferença.
"Ao oferecer o direito de compra aos referidos acionistas, o sistema BNDES arcou com o custo de oportunidade correspondente a R$ 90 milhões. (...) não havia qualquer tipo de cláusula estabelecendo direito semelhante ao banco no caso de o valor das ações decair para um patamar abaixo do preço de compra.
Ao que tudo indica, todo o risco da operação foi assumido pela entidade governamental.
Aos acionistas contratantes só havia a possibilidade de ganho", afirma o procurador.
LLX nega favorecimento.
BNDES afirma ter tido lucro
Marinus aponta outros indícios de favorecimento à empresa de Eike pelo BNDES.
Ele se refere "à possível sobreposição de medidas de apoio do banco ao grupo LLX", citando a compra de ações e empréstimos concedidos pelo BNDES à empresa, aparentemente para o mesmo fim.
"Tais informações levam-nos a (...) indagar sobre possíveis prejuízos ao princípio constitucional da impessoalidade na concessão das medidas de apoio à sociedade empresária", afirma.
Leia mais aqui.
21/10/2010
0 comentários:
Postar um comentário