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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Carta para o Chico Buarque - Zé Danon


Carta para o Chico Buarque

Por José Danon
"AVerdadeSufocada.com"
 São Paulo, 11/08/2010

Chico, você foi, é e será sempre meu herói. Pelo que você foi, pelo que você é e pelo que creio que continuará sendo.

Por isso mesmo, ao ver você declarar que vai votar no Lula “por falta de opção”, tomei a liberdade de lhe apresentar o que, na opinião do seu mais devoto e incondicional admirador, pode ser uma opção.
Eu também votei no Lula contra o Collor. Tanto pelo que representava o Lula como pelo que representava o Collor.

Eu também acreditava no Lula. E até aprendi várias coisas com ele, como citar ditos da mãe. Minha mãe costumava lembrar a piada do bêbado que contava como se tinha machucado tanto. Cambaleante, ele explicava: “Eu vi dois touros e duas árvores, os que eram e os que não eram. Corri e subi na árvore que não era, aí veio o touro que era e me pegou.”

Acho que nós votamos no Lula que não era, aí veio o Lula que era e nos pegou.


Chico, meu mestre, acho que nós, na nossa idade, fizemos a nossa parte. Se a fizemos bem feita ou mal feita, já é uma outra história. Quando a fizemos, acreditávamos que era a correta. Mas desconfio que nossa geração não foi tão bem-sucedida, afinal. Menos em função dos valores que temos defendido e mais em razão dos resultados que temos obtido.

Creio que hoje nossa principal função será a de disseminar a mensagem adequada aos jovens que vão gerenciar o mundo a partir de agora. Eles que façam mais e melhor do que fizemos, principalmente porque o que deixamos para eles não foi grande coisa.

Deixamos um governo que tem o cinismo de olimpicamente perdoar os “companheiros que erraram” quando a corrupção é descoberta.

Desculpe, senhor, acho que não entendi.

Como é, mesmo?

Erraram?

Ora, Chico.

O erro é uma falha acidental, involuntária, uma tentativa frustrada ou mal sucedida de acertar.

Podemos dizer que errou o Parreira na estratégia de jogo, que erramos nós ao votarmos no Lula, mas não que tenham errado os zésdirceus, os marcosvalérios, os genoinos, dudas, gushikens, waldomiros, delúbios, paloccis, okamottos, adalbertos das cuecas, lulinhas, beneditasdasilva, burattis, professoresluizinhos, silvinhos, joãopaulocunhas, berzoinis, hamiltonlacerdas, lorenzettis, bargas, expeditovelosos, vedoins, freuds e mais uma centena de exemplares dessa espécie tão abundante, desafortunadamente tão preservada do risco de extinção por seu tratador.

Esses não erraram.

Cometeram crimes.

Não são desatentos ou equivocados.

São criminosos.

Não merecem carinho e consolo, merecem cadeia.

Obviamente, não perguntarei se você se lembra da ditadura militar. Mas perguntarei se você não tem uma sensação de déjà vu nos rompantes de nosso presidente, na prepotência dos companheiros, na irritação com a imprensa quando a notícia não é a favor.

Não é exagero, pergunte ao Larry Rother do New York Times, que, a propósito, não havia publicado nenhuma mentira. Nem mesmo o Bush, com sua peculiar e texana soberba, tem ousado ameaçar jornalistas por publicarem o que quer que seja. Pergunte ao Michael Moore. E olhe que, no caso do Bush, fazem mais que simples e despretensiosas alusões aos seus hábitos ou preferências alcoólicas no happy hour do expediente.

Mas devo concordar plenamente com o Lula ao menos numa questão em especial: quando acusa a elite de ameaçá-lo, ele tem razão. Explica o Aurélio Buarque de Hollanda que elite, do francês élite, significa “o que há de melhor em uma sociedade, minoria prestigiada, constituída pelos indivíduos mais aptos”.

Poxa!

Na mosca.

Ele sabe que seus inimigos são as pessoas do povo mais informadas, com capacidade de análise, com condições de avaliar a eficiência e honestidade de suas ações. E não seria a primeira vez que essa mesma elite faz esse serviço.

Essa elite lutou pela independência do Brasil, pela República, pelo fim da ditadura, pelas diretas-já, pela defenestração do Collor e até mesmo para tirar o Lula das grades da ditadura em 1980, onde passou 31 dias.

Mas ela é a inimiga de hoje.

E eu acho que é justamente aí que nós entramos.

Nós, que neste país tivemos o privilégio de aprender a ler, de comer diariamente, de ter pais dispostos a se sacrificar para que pudéssemos ser capazes de pensar com independência, como é próprio das elites - o que, a propósito, não considero uma ofensa -, não deveríamos deixar como herança para os mais jovens presentes de grego como Lula, Chávez, Evo Morales, Fidel - herói do Lula, que fuzila os insatisfeitos que tentam desesperadamente escapar de sua “democracia”.

Nossa herança deveria ser a experiência que acumulamos como justo castigo por admitirmos passivamente ser governados pelo Lula, pelo Chávez, pelo Evo e pelo Fidel, juntamente com a sabedoria de poder fazer dessa experiência um antídoto para esse globalizado veneno.

Nossa melhor herança será o sinal que deixaremos para quem vem depois, um claro sinal de que permanentemente apoiaremos a ética e a honestidade e repudiaremos o contrário disto.

Da mesma forma que elegemos o bom, destronamos o ruim, mesmo que o bom e o ruim sejam representados pela mesma pessoa em tempos distintos.

Assim como o maior mal que a inflação causa é o da supressão da referência dos parâmetros do valor material das coisas, o maior mal que a impunidade causa é o da perda de referência dos parâmetros de justiça social.

Aceitar passivamente a livre ação do desonesto é ser cúmplice do bandido, condenando a vítima a pagar pelo malfeito.

Temos opção.

A opção é destronar o ruim.

Se o oposto será bom, veremos depois.

Se o oposto tampouco servir, também o destronaremos.

A nossa tolerância zero contra a sacanagem evitará que as passagens importantes de nossa História, nesse sanatório geral, terminem por desbotar-se na memória de nossas novas gerações.


Aí, sim, Chico, acho que cada paralelepípedo da velha cidade, no dia 31 de outubro, vai se arrepiar.

Seu admirador número 1,

Zé Danon.

José Danon é economista e consultor de empresas.

4 comentários:

Unknown disse...

Desculpe pelo atraso na resposta já que a carta é de 2006 e posto a resposta somente em out/2010.

Então, esse Zé eu nunca ouvi falar, mas o Chico, eu já cantei muitas musicas dele (muito mal por sinal! ) e já ouvi contar muitas estórias de sua vida de luta pelos ideais de igualdade, liberdade e fraternidade.
Pra mim, Zé Danon é só mais um Zé, ou um Zé ninguém, quem sabe? Pode até ser muito melhor que eu, vai saber...
E o Chico Buarque, é o de Holanda, da Banda e tantas outras obras de arte da nossa música popular brasileira.

A quem eu daria mais crédito?

Sinceramente, ainda temos muito por corrigir, inclusive no comportamento dos nossos políticos que confundem a coisa pública com a privada, e por isso fazem um monte.

O meu voto é para a frente, nunca retroceder e o Serra significa retroceder à política neoliberal de FHC/Serra.
Meu país ainda não é o ideal, mas a bolsa de valores já ultrapassou os 70 mil pontos, na época do FHC era de míseros 10 mil.
O povo tem eletricidade e geladeira, fogão, a industria automobilística bate recordes atrás de recordes e por aí vai a nossa economia, do que reclamas Brutus?
Das viagens de turismo? Da ausência de inflação? Do crédito mais barato? Da inclusão social? Do salário mínimo de U$200?
O Ficha Limpa vai cuidar de expurgar os cânceres da nossa política, é dar tempo ao tempo.
Aí os Arrudas, Dirceus, Delúbios, Paloccis, Paulos Pretos e tantos outros serão expurgados de vez. Sem panetone.
É a Esperança, a última que morre.

TFA

PS: Tucano é uma ave predadora, onívora, que come além de frutos e grãos, também os ovos e filhotes de outras aves que assalta em seus ninhos.

Anônimo disse...

Chico

Qdo dizem que voces são os intelectuais, nos chamam de burros. Voce é uma decepçao. Marieta, Paulo Beti, Osmar Prado,,, etc. Pararece-me que voces não querem ser mais artistas ou cantores e ou compositores, voces são umas bestas.

Anônimo disse...

Ah, vocês preferem a velha direita estúpida, os tiranos do PFL e PSDB, da Arena, os mesmos que sempre apoiaram a Ditadura, os que durante 500 anos tiveram nojo do povo brasileiro, os que deixaram o Brasil ananlfabeto, venderam as riquezas do páis, vcs preferem esses coronéis da casa-grande que jamais quiseram melhorar a vida do povo, quer dizer 90% dos brasileiros. Vcs têm nojo da democracia, repulsa à aos direitos dos pobres.

Anônimo disse...

ao vagabundo anonimo,provavelmente mais um mamando na teta da pátria

tvz um terrorista apátrida que escreve este bordão surrado....

vá para cuba que te pariu, safado...
o sr sabe quem é o dono da ÓI, imbecil?