A “pesquisa" de intenções de voto do Ibope, divulgada aos quatro ventos, pela Globo (por força de contrato, diga-se de passagem) causou efeitos devastadores.
De novo, a manipulação grosseira deste instituto, mais uma delas, atingiu seus objetivos. Parte do eleitorado passa a acreditar que a criatura realmente está bem na frente das intenções de voto.
A memória é curta. De pouco vale, entre nós, demonstrarmos por A + B as fraudes do primeiro turno. “Dilma está na frente, com 14 pontos”.
Parte de nossas fileiras foi tomada por uma sensação de desânimo. Tanto trabalho, e de repente, nada adiantou. Esse é o senso comum que penetrou parte dos formadores de opinião oposicionistas.
Ainda na noite da quarta-feira (a super quarta-feira !!!) o Sensus jogou água no chope do Ibope. A diferença estava em 5%, em desfavor do nosso candidato. Valia, para este opinativo, o mesmo que dissemos para o tracking do sistema financeiro, divulgado na terça-feira, no portal da Revista Exame. “São dois prá cá, dois prá lá”, como diriam Aldir Blanc e João Bosco.
Dias antes, o tal do Vox Populi (vejam que pretensão, “A voz do povo”, no idioma de Cícero), havia dado “resultado” similar. Não teve divulgação ampla e causou risos em grande parte dos formadores de opinião.
Mas foi divulgada, ligeirissimamente, no programa da Dilma da segunda-feira. Nem eles acreditaram muito na encomenda, mas divulgaram na tentativa de reverter o ânimo em baixa de sua militância.
A divulgação da pesquisa do Sensus não teve nem 0,5% da amplitude e do impacto da maracutaia do Ibope, que continua a repercutir hoje em tudo que é tipo de imprensa.
Sairá o Datafolha. Será um ajuste de contas, seja qual for o resultado. Se der parecido com o Sensus ou com o tracking do sistema financeiro (ambos em 5%), o impacto político do Ibope já terá sido dado. Grassará a idéia de que as pesquisas, todas elas, compõem um samba do crioulo doido. É um plano inteligente, reconheçamos. Não estamos enfrentando amadores.
Duas são as lições imediatas da trama do Ibope.
A primeira é a de que as pesquisas no Brasil comprovadamente, em sua ampla maioria, são peças de propaganda política. Não se trata de impedir sua divulgação, pois estaríamos misturando gato com lebre e matando um dos instrumentos da democracia, que é a aferição permanente da opinião pública.
Isto não quer dizer que não deva impor limites, que não podem ser prévios, mas sempre a posteriori. Comprovadas as fraudes, liminarmente, as partes comprovadamente prejudicadas teriam o direito de vir a público, oficialmente, para tipificar, nominar os responsáveis e exigir a indenização dos danos.
Aliás, como acontece com a imprensa em geral.
A divulgação de pesquisas está na mesma categoria de matérias da imprensa em geral, por provocarem efeitos similares.
A segunda lição, a mais valiosa, é que a batalha é muito mais árdua do que a nossa vã filosofia imaginava, até há pouco.
Muito está em jogo. Poder político. Poder econômico (não só de petistas nas pessoas jurídica física, mas também e principalmente grandes grupos econômicos transformados em “amigos do rei”).
Alianças de todo tipo. Retroalimentação do coronelismo. Malversação de recursos públicos para finalidades privadas, partidárias ou de locupletação individual (e de famílias).
A lista é longa.
Parte de nós, reconheçamos, acreditava que a peleja se daria dentro dos limites da democracia e da República.
As ilusões se desvanecem a cada hora. Os episódios desta quarta-feira – as revelações de César Tralli sobre os subterrâneos petistas da violação dos sigilos fiscais e a agressão das hordas fascistas a José Serra no Rio de Janeiro – estão aí, evidentes, dramáticas e preocupantes.
A serpente já saiu do ovo
Temos de repetir, como um mantra, a cada minuto desses onze dias que restam para que os eleitores decidam, nas urnas, os rumos dos próximos anos do nosso país.
A eleição é duríssima. Será decidida no olho clínico, ou, como dizem os futebolistas, no tira-teima. A vitória da democracia nem de longe está assegurada.
A vitória de José Serra só acontecerá fruto de muita luta, muita camisa suada, muito sapato gasto, muita voz rouca, oceanos de mensagens na rede mundial.
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