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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Dilma quer 'enrolar' e 'desrespeitar' brasileiros

Quanto mais mentiras os adversários disserem sobre nós, mais verdade nós vamos dizer sobre eles.

GABRIELA GUERREIRO

Folha

Em um recado à candidata Dilma Rousseff (PT), o tucano José Serra disse nesta quarta-feira que nunca manifestou posição favorável ao aborto.

Ao discursar no ato que reúne a oposição em apoio à sua candidatura, Serra disse que as pessoas que mudam suas posições em temas como o aborto querem "enrolar" e "desrespeitar" os brasileiros --numa crítica à petista que, depois de ter se declarado favorável ao aborto, mudou o discurso durante a campanha.

"Eu nunca disse que o MST me agrada, porque não me agrada. Eu nunca disse que era a favor do aborto porque eu sou contra. Tem amigos que me acham atrasado. Eu tenho minhas razões íntimas, pessoas, de histórias para ter essa convicção. Erra é querer enrolar.

Chegou-se ao máximo de estampar em primeira página que o PT ia tirar o aborto do programa.

O que não tem direito é uma campanha presidencial enrolar. No fundo é desrespeitar pessoas, os cidadãos. Essa decepção comigo não existirá."


Serra chegou a cometer um ato falho dizendo, primeiro, que era favorável ao aborto. Ao perceber o equívoco, mudou a fala.

Numa mudança de postura em relação ao primeiro turno das eleições, o candidato exaltou ações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em seu discurso no ato que reuniu políticos do DEM, PSDB e PPS.
Com críticas ao PT, partido a quem se referiu como "duas caras", Serra defendeu que o Congresso aprove lei que limite a participação do presidente da República em campanhas eleitorais - a exemplo do que vem ocorrendo com o presidente Lula na campanha de Dilma Rousseff (PT) ao Palácio do Planalto.

"Tem certas coisas que não se fazem, são coisas que a gente não faz na vida.

Imagine a desigualdade, na linha de massacrar um político que na sua vida só fez defender o interesse do seu Estado e do nosso país", afirmou.


Nas referências a FHC, Serra lembrou a privatização do setor de telecomunicações e a implantação do real.

As menções ao ex-presidente são defendidas por grande parte da oposição, depois que Serra praticamente não mencionou o tucano em sua campanha no primeiro turno.

"O real eliminou uma nuvem de poeira quente que sufocava o nosso país e oprimia os pobres. Porque, com inflação, quem sofre são os pobres no Brasil e em qualquer lugar do mundo. Essa transição levou ao Brasil voltar ao caminho que eu não sei se tinha ido, mas o caminho da dignidade, do decoro na vida pública. O presidente Itamar apoiou a candidatura do Fernando Henrique.

Nas críticas ao PT, o tucano disse que vai responder as provocações "com serenidade".

"Às falanges do ódio que insistem em dividir a nação, vamos responder com nosso trabalho presente e nossa crença no futuro.

Quanto mais mentiras os adversários disserem sobre nós, mais verdade nós vamos dizer sobre eles.

Não queremos o Brasil como a casa da mãe Joana em que governantes fazem o que querem na hora que querem."
MARINA

Num afago público à candidata Marina Silva (PV), Serra disse que ela é uma pessoa "íntegra, que contribuiu muito para a democracia".

Sem pedir explicitamente o apoio da candidata do PV, Serra afirmou que Marina permitiu que chegasse ao segundo turno.

"Ela aproximou gente que não gosta de política. Quem não gosta fica à margem e acaba dando espaço para os que não são gente de bem."

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