Deputado acertou estratégia com acusado
Em 27 de abril, deputado disse ao advogado Ricardo Tosto, solto um dia antes, que iria desqualificar operação
O deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP), caiu no grampo da Polícia Federal discutindo abertamente com um dos alvos da Operação Santa Tereza "formas de desqualificar a investigação" sobre suposto esquema de desvio de verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Foi no dia 27 de abril, domingo.
Paulinho diz que "vai usar de suas influências para que a Câmara dos Deputados intime o superintendente da Polícia Federal e o ministro da Justiça para darem explicações".
A informação sobre os movimentos de Paulinho consta de documento de oito páginas que a Procuradoria da República entregou à Justiça Federal, em 2 de maio. Nesse ofício, a procuradoria reúne argumentos para requerer a decretação da prisão preventiva de toda a organização. Sustenta que acusados estão usando de "seu poder político" para desclassificar a Santa Tereza.
"A prova cabal dessa afirmação é a conversa interceptada entre Paulinho (deputado Paulo Pereira da Silva) e Ricardo Tosto", assinala a procuradoria, referindo-se ao conselheiro afastado do BNDES, o interlocutor do parlamentar.
O contato de Paulinho, que a PF gravou, ocorreu quatro dias depois que a missão federal saiu às ruas e prendeu 10 acusados - inclusive Tosto, que deixou a cadeia um dia antes do telefonema com Paulinho, e o lobista João Pedro de Moura, amigo e ex-assessor do deputado.
Os telefones de Paulinho não estavam no grampo, mas os de seu interlocutor estavam. Por isso a conversa de Paulinho, naquele domingo, caiu na malha da Inteligência da PF.
Para reforçar seu pedido, a procuradoria federal anotou: "Não há como afastar o abalo à ordem econômica. Não é possível permitir a liberdade de quem retirou e desviou por cima R$ 2 milhões dos cofres públicos para a satisfação de suas necessidades pessoais em detrimento de muitos. O abalo à credibilidade da Justiça é evidente."
O juiz federal Marcio Catapani ordenou a prisão de 4 dos 13 investigados, entre eles João Pedro, o aliado de Paulinho.
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