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sábado, 11 de setembro de 2010

Escândalo de proporções surpreendentes: Erenice Guerra, ministra-chefe da Casa Civil e sucessora de Dilma Rousseff no cargo, assessores e servidores públicos – incluindo um filho de Erenice – negociavam contratos milionários entre empresários e órgãos do governo mediante o pagamento de propina.

Filho de Erenice Guerra comanda esquema de lobby no Planalto

Reportagem de VEJA revela acordos milionários entre empresários e órgãos do governo mediante o pagamento de propina. Ministra-chefe da Casa Civil participava de negociações

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, participam da cerimônia de assinatura do contrato de concessão da Usina Hidrelétrica Belo Monte, em 26 de agosto de 2010 (Sérgio Lima/Folhapress)

A edição de VEJA desta semana traz à tona um escândalo de proporções surpreendentes. Em nome de Erenice Guerra, ministra-chefe da Casa Civil e sucessora de Dilma Rousseff no cargo, assessores e servidores públicos – incluindo um filho de Erenice – negociavam contratos milionários entre empresários e órgãos do governo mediante o pagamento de propina.

Diante do noticiário político-policial, o resumo da ópera poderia soar algo rotineiro, não fosse a precisão dos detalhes descritos na reportagem.

Desde abril de 2009, o desfecho das negociatas acontecia no 4º andar do Palácio do Planalto, onde fica a Casa Civil, exatamente acima do gabinete do presidente da República, e onde a então secretária executiva da pasta Erenice Guerra despachava em favor dos interesses de seu filho, Israel Guerra.


“Fui informado de que, para conseguir os negócios que eu queria, era preciso conversar com Israel Guerra e seus sócios”, revelou Fábio Baracat, um empresário que participou de reuniões com Erenice em busca do fechamento de contratos com os Correios.

O filho da ministra é sócio da Capital, uma consultoria especializada em intermediar as negociações entre empresas e governo. Cobrando um valor de 6%, denominado no contrato como “taxa de sucesso”, Guerra fechou com Baracat um acordo de 84 milhões de reais. Dono de uma empresa de transportes aéreos, o empresário forneceria seus serviços para os Correios.


A propina de 6%, conforme apurado exclusivamente por VEJA, serviria para saldar “compromissos políticos”.
Além da 'taxa', pagamentos mensais eram exigidos pelos assessores da Casa Civil. Tudo isso rendeu a Israel Guerra a quantia de 5 milhões de reais.


Para chegar na descoberta do esquema e dos meandros da licitação fraudulenta, VEJA entrevistou lobistas, advogados, clientes do esquema, teve acesso a comprovantes bancários, e-mails, contratos e notas fiscais.

Toda a documentação comprova o funcionamento de uma central de lobby à sombra do Palácio do Planalto.

 

A influência de Erenice, hoje titular do cargo mais importante depois do presidente da República, foi utilizada para satisfazer interesses particulares e, por que não?, partidários.


O polvo no poder



O esquema no alto escalão do governo também incluía Vinicius Castro, funcionário da Casa Civil, e Stevan Knezevic, servidor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), ambos parceiros de Israel Guerra.

Como a Capital era sediada na casa de Guerra, o trio recorria a um escritório de advocacia em Brasília para despachar com os clientes.

Ali trabalha gente importante. Um dos advogados é Marcio Silva, coordenador em Brasília da banca que cuida dos assuntos jurídicos da campanha presidencial de Dilma Rousseff.

Outro é Antônio Alves Carvalho, irmão de Erenice Guerra.

A consultoria da família Guerra também tinha acesso a vários órgãos de governo. Em favor da empresa de Fábio Baracat, a Capital intercedeu, por exemplo, na Anac.

Para renovar a licença de voo da MTA Linhas Aereas, Baracat depositou 120.000 reais na conta da consultoria no Banco do Brasil.

O pagamento contemplou a distribuição de proprina na Anac.

O empresário também revela que os protagonistas do escândalo agiam com cuidado.


Nos encontros com a ministra Erenice, deveria estar livre de canetas, relógios, celulares ─ enfim, qualquer aparelho que pudesse gravar as conversas.

Em resposta à reportagem, Erenice Guerra mandou um assessor informar que “o seu sigilo bancário está disponível para verificação”.
Em VEJA desta semana


11 de setembro de 2010

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