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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Obama: uma presidência em queda livre


Obama:
uma presidência em queda livre


Por Richard Cohen para o jornal "The Washington Post" (considerado, juntamente com o The New York Times, um jornal da esquerda americana);


TRADUÇÃO DE FRANCISCO VIANNA
(Os links levam a textos em inglês)


Um dos resultados não intencionais da remodelação do Salão Oval da Casa Branca foi o de mostrar um Barack Obama de tamanho aparentemente menor no ambiente.



No seu discurso transmitido em rede nacional no horário nobre, o presidente sentou-se por trás de uma mesa de trabalho enorme, maciça, e espaçosamente vazia, fazendo-o parecer menor do que ele jamais pareceu – um homem fisicamente reduzido por pesquisas que mostram o quanto ele está afundando com sua política econômica mal cheirosa e com a perspectiva acabrunhante de que seu partido caminha para perder o controle do Congresso.

Observe com atenção algo que jamais pensamos que pudesse ocorrer com Obama: uma incrível queda livre de sua presidência.


Isto é impressionante e, para mim, uma reviravolta de eventos um tanto assustadora. As pessoas que presenciaram e participara de uma campanha presidencial muito esperta em 2008, têm deixado a presidência de Obama para outros, neste caso, pessoas que beiram a insanidade.

Por exemplo, uma recente pesquisa do Pew Research Center resultou que "aproximadamente um em cada cinco americanos (18 por cento) diz agora que Obama é um muçulmano, contra os 11 por cento, que afirmavam isso em março de 2009". Ou seja, quanto mais tempo Obama permanece no cargo, mais ignorante o povo se torna a seu respeito.

Tais notícias sobre a crescente ignorância americana com relação à religião de Obama vieram não muito depois da outra pesquisa revelando que 24 por cento doa americanos não acham que Obama tenha nascido nos Estados Unidos da América.

Uma pesquisa anterior tinha mostrado que 10 por cento dos americanos pensam ter ele nascido na Indonésia, onde ele viveu como um garoto, 7 por cento acreditam que ele é do Quênia e outros ainda dizem (corretamente) que ele nasceu no Havaí, mas não sabem – uma notável tirada de Elvis Presley num filme – que o Havaí é um estado americano.

O índice de aprovação de Obama se situa atualmente em torno de 47 por cento.

Ronald Reagan fez pior neste estágio de sua primeira presidência, mas ele era tanto bem quisto como conhecido.

Obama não tem nem de perto a mesma simpatia e não é muito conhecido. Tem se tornado uma figura polarizada – irracionalmente odiado pelos Republicanos e perdendo muito do apoio original dos Democratas e dos eleitores em geral.

Entre os brancos, por exemplo, caso a eleição fosse hoje, Obama teria conseguido um alarmante índice de votação de 28 por cento dos votos.

Os americanos, uma vez mais se sentem como um povo de duas nações.



Alguns dos suplícios de Obama têm raízes na política econômica ruim – com o desemprego chegando a mais de 10 por cento.

Os últimos números, conquanto que significativamente mais altos do que quando ele prestou seu juramento na posse, são claramente a consequência da monstruosa onda recessiva provocada pela crise financeira que ele herdou.

Sem falar nas duas guerras e na enormidade da dívida interna. Caso ele, durante seu telefonema a George W. Bush na semana passada, não tenha expressado um irônico "muito obrigado" em sua conversa, é por que ele é um homem de uma santa paciência e indulgência.

Mas agora está claro que Obama tem permitido que outros o definam. Por isso Obama necessita culpar Obama.

Sua abordagem claudicante de certos assuntos – suas afirmações fracas e ineficientes com relação ao planejado Centro Islâmico no ‘marco zero’ em Manhattan (o espaço onde outrora se erguiam as Torres Gêmeas, demolidas pelos atentados de 11 de setembro de 2001), por exemplo – erode não apenas sua postura, mas também o seu perfil de estadista. Aquilo que pensávamos saber sobre ele, hoje, não sabemos mais.

É como uma foto exposta ao sol, que vai desaparecendo com o tempo.



Obama está fixado em Obama – o bom e o mau. Está mais para ex do que para último, de modo que nem tudo está perdido. Mas o que Obama pode fazer – o que ele tem que fazer – é conseguir mais seguidores.

Sua equipe o serve mal de tal forma que ele se apresenta como uma persona non grata com seu desempenho oblíquo e irresoluto.

Não apenas tem ele acumulado um recorde memorável de solicitações legislativas, como também ele tem despachado com desenvoltura para salvar o sistema financeiro, salvar a indústria automotiva e – caso ninguém esteja notando – introduzir reformas no nosso lamentavelmente decrépito sistema de ensino.

Quanto mais ele vence, mais ele perde, de certa forma.


Voltemos ao recente discurso de Obama no seu reformado Salão Oval.

Foi apenas o seu segundo discurso e se revestia de grande importância, como ele mesmo disse em certos momentos.

Na verdade, ele quase não teve nada para dizer – nenhuma notícia para reportar.

O discurso consistiu de 2.547 palavras.

Mas, caso a parte em que elogiou tanto as tropas americanas como as iraquianas tivesse sido retirada do texto, o palavrório se reduziria a apenas 1.948 palavras, o que significa que quase um quarto do discurso foi de lengalenga inútil e disparates.

Sim, isso mesmo, todos nós amamos nossos soldados – torta de maçã e mamãe, também.

Agora, vamos ao que interessa.

O presidente precisa de alguém que lhe escreva seus discursos. O presidente necessita de uma equipe que lhe oriente a não discursar do Salão Oval a menos que haja razões que mereçam ser expostas deste recinto solene. O discurso de Obama seria chato e não importante mesmo perante uma coletiva de imprensa no local de sempre apropriado para tal.



Obama precisa de um marqueteiro político como o do Presidente Lula da Silva no Brasil, que faz com que o comandante em chefe brasileiro pareça até um estadista de peso, mesmo quando abre a boca apenas para dizer bobagens históricas.

Mas, perante o povo, ele é mostrado com detalhes de câmera, luz e sombra que o tornam grande, imenso, fazendo com que muitos acreditem na veracidade de suas lorotas populistas.

Em outras palavras, o presidente precisa demitir algumas pessoas que ocupam cargos chaves.

Ou faz isso, ou – pelo andar da carruagem – o povo americano vai acabar demitindo-o do cargo.



Saudações,
Francisco Vianna


 7 de setembro de 2010

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