Meirelles e 2010: a Presidência e a vice são ‘destino’
Animação sobre fotos de Lula Marques/Folha
por Josias de Souza
Como previsto, o presidente do BC, Henrique Meirelles, decidiu sentar praça no PMDB. Já se acertou com Lula.
Tomado pela entrevista que concedeu nesta terça (28) ao repórter Márcio Aith, Meirelles desce ao pano verde de 2010 com uma decisão e três cartas na manga.
Decidiu não disputar o governo de Goiás. Um pedido de Lula. As cogitações saltam de uma trinca de respostas de Meirelles a Aith:
1. Quer ser candidato à Presidência da República? “A Presidência é oportunidade e destino, e não um ato de vontade”.
2. Deseja compor uma chapa como candidato a vice-presidente? “O mesmo”.
3. E quanto ao Senado? “É uma possibilidade a ser considerada em março de 2010. Hoje não sou candidato”.
Ou seja, Meirelles tornou-se, para o PMDB, uma espécie de curinga. Uma carta cujo valor no jogo está condicionado ao humor do “destino”.
A conversa com Aith, levada às páginas da Folha, vai reproduzida abaixo:
- Por que o sr. decidiu filiar-se a um partido político?
Para assegurar a preservação dos meus direitos políticos e ter a possibilidade de ter a via eleitoral como uma das opções futuras.
- Por que o PMDB?
É o maior e mais tradicional partido de Goiás. Recebeu-me de braços abertos e o prefeito Íris Resende, candidato a governador pelo partido e um dos líderes nas pesquisas, ofereceu retirar sua candidatura a governador para me apoiar. Não aceitei a oferta pois tenho compromisso com o país e com o presidente Lula para manter foco total no Banco Central pelo menos até abril de 2010. Uma candidatura a governador seria incompatível com esse compromisso.
- O sr. foi um dos fiéis da estabilidade durante esses sete anos de governo.
Não está jogando tudo fora num único ato de filiação?
Não. Essa avaliação nasce do equívoco de que política monetária frouxa e inflação alta são bons eleitoralmente. Já repeti isso outras vezes: os benefícios de politicas monetária e cambial responsáveis são reconhecidos pela população brasileira. Nos últimos 60 dias conversei com cerca de 450 investidores e analistas estrangeiros e não ouvi esse tipo de preocupação. Ao contrário, eles consideram positivo para a democracia brasileira que pessoas com as minhas preocupações tomem essa atitude.
- Como o presidente Lula reagiu à sua filiação?
O presidente recomendou-me não ser candidato a governador e ficar no BC pelo menos até março de 2010. Atendi à recomendação. O presidente também manifestou a preferência para que eu permaneça até dezembro de 2010, mas disse que respeitaria uma decisão de saída em abril de 2010 caso fosse minha opção. Certamente este será um importante fator a ser levado em conta.
- O senhor quer ser candidato à Presidência?
A Presidência é oportunidade e destino, e não um ato de vontade.
- À Vice-Presidência?
O mesmo.
- Ao Senado por Goiás?
É uma possibilidade a ser considerada em março de 2010. Hoje não sou candidato.
- Quer dizer que o governo de Goiás está descartado.
Não serei candidato ao governo de Goiás. Uma candidatura a governador pelo PMDB com apoio do Íris Resende demandaria dedicação prioritária a partir do lançamento. O partido tem um candidato e um líder hoje. Caso eu aceitasse ser candidato, seria adequado sair do BC. Isto seria inadequado frente ao meu compromisso público com o presidente e com o país. Não tenho por hábito abandonar uma missão antes de cumpri-la.
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