Pressionado pelas grandes potências para esclarecer a existência de uma segunda usina de enriquecimento de urânio, o Irã assegurou neste sábado que essa instalação será colocada sob supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), com a qual fixará uma data para uma visita de inspeção.
"A nova instalação será mantida sob a supervisão da AIEA. Vamos enriquecer urânio em no máximo 5%", declarou Ali Akbar Salehi, chefe da Organização Iraniana de Energia Atômica (OIEA), desmentindo qualquer natureza "militar" da usina, que se junta à de Natanz (centro) e começará a funcionar "aproximadamente dentro de dois anos".
"Se a instalação for de natureza militar, como explicar que ficará sob a supervisão da AIEA?", perguntou.
"A usina fica localizada na estrada entre Teerã e Qom. A 100 quilômetros de Teerã, e posteriormente serão fornecidos maiores detalhes sobre a usina", acrescentou Salehi.
A medida foi elogiada pela secretária de Estado americana, Hillary Clinton, para quem a decisão iraniana é "bem-vinda".
"Toda decisão do Irã de cumprir com as leis e regulamentos internacionais, em particular com a AIEA, é sempre bem-vinda", disse Clinton à imprensa.
Em uma declaração concedida à agência semioficial Fars, o chefe de gabinete do guia supremo, o aiatolá Mohammad Mohammadi Golpayegani, havia declarado antes que o novo complexo, que ainda se encontra em construção, estará em condições de funcionar "em breve".
Ahmadinejad afirmou que a nova instalação é "perfeitamente legal", enquanto que Estados Unidos, França e Grã-Bretanha instaram o Irã a revelar todas as suas atividades nucleares sob a ameaça de sanções.
O presidente norte-americano Barack Obama advertiu neste sábado que o Irã deverá provar as "intenções pacíficas" na reunião de Genebra de 1º de outubro com as potências mundiais do grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã-Bretanha e Alemanha).
Sobre este encontro, Hillary Clinton disse esperar "que Teerã informe quais são suas intenções, para que possamos elaborar um cronograma sobre como proceder".
Em uma primeira reação relacionada à nova usina iraniana, Israel exigiu "uma resposta sem equívocos" por parte das grandes potências, declarou o ministro israelense das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman.
"As revelações sobre esta segunda usina de enriquecimento nuclear no Irã mostram sem a menor dúvida que esse país quer se dotar da arma atômica, e nós esperamos que no dia 1º de outubro seja dada uma resposta sem equívocos", disse Lieberman em declarações à rádio estatal israelense.
Paralelamente aos anúncios de Salehi, os Guardiães da Revolução, exército ideológico do regime iraniano, anunciaram que efetuarão a partir de domingo manobras que incluem lançamentos de mísseis "para manutenção e aperfeiçoamento" das capacidades de dissuasão das Forças Armadas.
"As forças aéreas dos Guardiães da Revolução iniciarão durante a manhã (domingo) manobras de defesa que incluem lançamentos de mísseis com o objetivo de realizar a manutenção e aperfeiçoar as capacidades de dissuasão das Forças Armadas do país", informou o Exército em um comunicado divulgado neste sábado pelas agências de notícias Isna e Fars.
"As revelações sobre esta segunda usina de enriquecimento nuclear no Irã mostram sem a menor dúvida que esse país quer se dotar da arma atômica, e nós esperamos que no dia 1º de outubro seja dada uma resposta sem equívocos", disse Lieberman em declarações à rádio estatal israelense.
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