“Todo o edifício da civilização ruirá se a lei tocar no cabelo do homem.”
Gilbert Keith Chesterton
Por Waldo Luís Viana*
O brasileiro, que não se cansa de ser o maior do mundo em alguma coisa, talvez esteja conquistando o troféu de o povo mais esperto do Universo.
Especializou-se em esperteza, de cima para baixo, dos governantes aos súditos, adaptando-se à atmosfera de admiração pela longa malícia, a curta memória e a dedicação aos impulsos breves e glandulares típicos dos ratos e dos homens medíocres.
Aqui, em Pindorama, extingue-se pouco a pouco a oposição e até a esquerda é a favor. A rebeldia parece ter sido extinta, agachada como a cidadania, e decretou-se enfim o conservadorismo das multidões.
Gritar contra o governo, ora, pois!, só pela Internet, esse meio elitista de alerta através de e-mails repetidos entre velhos compadres, que se ransformam em comparsas que não se conhecem nem se tocam...
Todos estamos entregues ao delírio do politicamente correto para não destoar. Temos que acreditar agora que não podemos mais pensar em povo brasileiro. Isto é senil!
Agora somos brancos, pardos, negros, homossexuais, ongueiros, idosos, quilombolas, sem-terra, indígenas, não-índios (?) e outras designações – todos divididos para que o rei possa dominar...
Nossos representantes, por seu turno, não podem ter mais vida ilibada e caráter sem jaça.
Isto é antigo!
Nada como um processozinho ou dois, pela proa, para caracterizar a legitimidade do candidato a alguma coisa. Representante com vida limpa e ínclita, ah!, isso é pura hipocrisia arcaica, porque o sistema exigente prefere a esperteza.
E os espertos sabem roubar e delinquir, saindo ilesos e famosos. Ganham até, no final, a admiração e o respeito das bases, ansiosas por copiar o comportamento recorrente: ladrão e corrupto só é bandido na rama miúda; nas excelsas torres do poder, torna-se operador qualificado e com direito a voto.
A mídia, sempre ciosa do precário e decadente poder, não ousa gritar contra mais nada. Não existem artigos vulcânicos ou entrevistas extraordinárias capazes de desestabilizar governos.
Todos os argumentos tornaram-se medíocres e esmagados num dia apenas, agonizando como as rosas.
As suítes (prolongamento do assunto para outro dia) são programadas por algum interesse oculto, muitas vezes escuso.
E vale a pena lutar por alguma causa neste país, se tudo sobre o que tomamos conhecimento é pautado pelo governo?
*Waldo Luís Viana é escritor, economista, poeta e meio estafado de pensar sozinho e possuir os próprios cabelos...
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