O Brasil está numa corrida armamentista por adesão estrita do presidente a um plano Mangabeira-Jobim
O Brasil foi aí verdadeiro ou hipócrita?
NA SEGUNDA DEFESA estapafúrdia que fez do programa nuclear do Irã, sobre o qual não pode ter certeza alguma, disse Lula em Pittsburg que o Brasil "é o único partido" cuja Constituição proíbe a posse da bomba nuclear.
Não é preciso o recurso ao "Freud explica" para perceber que, na mente de Lula, o Brasil está equiparado ao seu partido, do qual e no qual ele faz e desfaz o que quer, como e quando quer.
É assim mesmo que o Brasil está posto na porta do grupo dos tresloucados detentores de armamentos nucleares.
Lugar a que é levado, tal como as defesas feitas por Lula do programa iraniano, quando os dois maiores arsenais do mundo concordam em reduzir progressivamente seus artefatos nucleares.
E quando o G-20, grupo dos países mais desenvolvidos e em desenvolvimento, aprova o compromisso geral contra a proliferação e pela redução dessas armas.
O Brasil foi aí verdadeiro ou hipócrita?
O evidente, com toda a certeza, é que o Brasil está em uma corrida armamentista por adesão estrita de Lula a um plano Mangabeira-Jobim, sem verificação alguma da opinião nacional, sem nem sequer uma consideração com o Congresso, ainda que só para guardar aparências.
Se o que está na Constituição valesse já por estar nela, não seria tão constante e árdua, e com frequência tão inútil, a batalha para defendê-la.
Não é por acaso que bastam alguns cheques ou notas, um punhado de cargos públicos e de verbas oficiais para criar a permanência de um presidente, com o segundo mandato que a Constituição repelia.
Se, antes de emitir centenas de medidas provisórias, Lula houvesse lido, para respeitar, as exigências constitucionais que as permitem, não teria emitido nem uma só.
A Constituição, no Brasil, é uma causa para uns e, para outros, um incômodo a ser transposto.
Com diferentes meios para tanto, inclusive, se convier, o segredo.
Protegido, por exemplo, sob a alegada justificativa de segredo militar.
A espantosa defesa da posse de bomba nuclear feita na quinta-feira por José Alencar, em pleno exercício da Presidência, é daquelas coisas que não se sabe se têm o fim deliberado de uma insinuação, com mais de um motivo possível, ou são um descuido da franqueza.
"Defendo para o Irã o mesmo que defendo para o Brasil", disse Lula.
É uma declaração de propósitos, sem dúvida, mas em que sentido?
A revelação de uma segunda usina de enriquecimento de urânio no Irã põe em dúvida, no mínimo isso, a finalidade pacífica dos iranianos citada por Lula.
Tomara que o seja, mas se não for?
Um aval gratuito às afirmações do iraniano Ahmadinejad seria dar um crédito de confiança a quem ainda não o merece, embora no caso possa ser veraz, e ainda atribuiria ao próprio Lula uma disposição que não está nos seus hábitos.
Com toda a certeza, por trás disso tudo há intenções (meio) ocultas.
Que ameaçam comprometer o Brasil com causas repudiadas pela ampla maioria dos países e dos povos.
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