A corrupção, as CPIs e o clima de que
"todos são iguais"
"todos são iguais"
Não me surpreendo mais com cinismo algum. Depois que o próprio presidente, assessorado por algum advogado de porta de cadeia, categorizou como "mero" crime eleitoral toda a lambança do mensalão, quem há de?
O que me revolta é o clima de que "todos são iguais".
Tal generalização não pode ser aceita passivamente, sob pena de ficarmos sempre a esperar um salvador da pátria, puro e incorruptível (que geralmente se corrompe no poder) pois "os que estão aí" são todos iguais.
Na política não há anjos ou demônios, mas há homens públicos de diferentes qualidades morais e estas contam. Podem não contar eleitoralmente, mas contam para a construção de um país mais decente. Somos falíveis, naturalmente, podemos errar.
Mas acobertar o que é crime, chamando-o de engano é incentivá-lo.
Desrespeitar a Comissão de Ética do próprio governo chamando suas advertências de "bobagem" é nivelar por baixo, confundido o justo com o delituoso.
Artigo de FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Ex-presidente da República
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