FOLHA - Por onde as investigações devem começar?
LUIZ SÉRGIO - Acho que o primeiro a ser convidado deve ser o Jorge Hage [ministro da Controladoria Geral da União] porque foi ele quem criou o site da transparência [onde são divulgadas as informações sobre os gastos com os cartões]. Dentro desse contexto, inclusive, acho que o ex-ministro [do Planejamento no governo FHC, hoje no Banco Mundial] Paulo Paiva, que assinou o ato que cria os cartões, pode dar uma enorme contribuição. Quais problemas ele detectou na época?
MARISA SERRANO - O começo de uma CPI tem que ser a partir dos fatos conhecidos, que são de domínio público. Se você tem uma investigação, você tem os fatos, é o natural começar por eles.
FOLHA - Qual o foco a CPI deve ter?
LUIZ SÉRGIO - Devemos primeiro fazer um debate na CPI se o cartão é bom ou não, se as contas "tipo B" são boas ou não. Eu acho que os cartões são melhores. Acho que a CPI precisará debater isso.
MARISA SERRANO - O foco tem que ser se houve corrupção ou não e, principalmente, que tipo de medidas podemos sugerir ao Congresso para que esses fatos não se repitam.
FOLHA - Gastos pessoais da Presidência devem ser sigilosos?
LUIZ SÉRGIO - É muito mais uma questão técnica do que política. Existem normas e uma prática estabelecida no Brasil e vamos aproveitar para fazer o debate. Há os que acham que tem que dar publicidade a tudo e há os que acham fundamental manter sigiloso para segurança.
MARISA SERRANO - O [ex-]presidente FHC escreveu carta para o Sérgio Guerra [presidente do PSDB] dizendo que [a CPI] pode investigar tudo porque as roupas da dona Ruth [Cardoso] quem pagava era ele. Tem que se investigar por área de gastos. Se é material de escritório, uso pessoal, limpeza. Se eu tenho uma média de gastos mensal com compras de alimentação, por exemplo, de R$ 30 mil, e num mês gasto R$ 800 mil, alguma coisa está errada e será preciso verificar.
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