Por Guilherme Fiuza
Enquanto o circo da sustentabilidade vende aos inocentes seus kits verdes de esperança, os não-inocentes garantem seu futuro sustentável em Brasília.
No momento crucial da CPI do Cachoeira, quando o suspeito número um do Brasil, Fernando Cavendish, deveria ser convocado a depor, a nação estava distraída com o carnaval fora de época da Rio + 20.
Resultado: o dono da Delta, pivô do que promete ser o maior escândalo de corrupção da história da República (em cifras e em alcance político), não precisou interromper seu descanso em Paris para se explicar aos brasileiros.
A não-convocação de Cavendish pela CPI, sem um mísero cara-pintada na rua para incomodar a Tropa do Cheque no Congresso, quer dizer o seguinte: o Brasil está se lixando para o seu futuro.
Pergunta aos foliões da Rio + 20: como planejar a sustentabilidade num país onde o orçamento da infra-estrutura é dominado por bandidos?
O esquema Delta-Cachoeira fez a festa no topo do Estado brasileiro, comandando o PAC com obras superfaturadas. Cavendish fez um caixa que lhe permitia, segundo ele mesmo, comprar um parlamentar por 30 milhões de reais. O Brasil ecológico e sustentável permitiu que os bandoleiros da CPI protegessem esse cidadão.
O Brasil ético está, como diria Paulo Francis, tecnicamente morto.
Fica combinado assim: vamos brincar de salvar o planeta com relatórios poéticos e tratados sobre o sexo dos anjos. Enquanto isso, a quadrilha do Cachoeira cuida da sua reciclagem – evitando a extinção da espécie e do esquema.
Que venha a Rio + 20%, onde os felizes herdeiros da operação Delta darão workshops sobre a sustentabilidade do golpe.
15/06/2012
domingo, 17 de junho de 2012
Rio + 20%
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