Ambientalistas pedem veto ao Código Florestal, índios protestam no BNDES contra fundo de investimento da Amazônia e mulheres com seios de fora reivindicam direitos
Jovem participa de Marcha das Mulheres, no Centro do Rio
Paulo Nicolella / Agência O Globo
RIO - O sexto dia da Rio+20 é marcado por manifestações pelas ruas da cidade. Na tarde desta segunda-feira, um grupo de manifestantes deixou o Aterro do Flamengo, onde está sendo realizada a Cúpula dos Povos, em direção ao Centro. Esta é a terceira manifestação que ocorre na região. O protesto agora é de ONGs ambentalistas contra o Código Florestal.
Empunhando faixas e cartazes com críticas à presidente Dilma Rousseff, os manifestantes caminharam pela Avenida Presidente Antônio Carlos em meio ao trânsito. Eles sentaram na rua por dois minutos e prosseguiram com o protesto. Os manifestantes seguiram pela Avenida Almirante Barroso e Avenida Rio Branco. O trânsito foi liberado nestes vias, mas ainda é lento. A marcha segue agora para a sede do BNDES, na Avenida Chile, que está interditada.
O movimento é organizado pelo Comitê Brasil em Defesa das Florestas — o mesmo que liderou a campanha “Veta Dilma”, contra o novo Código Florestal.
Mais cedo, duas manifestações deixaram o trânsito bastante complicado no Centro. Após a marcha realizada por mulheres que participam da Cúpula dos Povos (veja fotos do protesto), índios contrários ao Fundo da Amazônia seguiram em passeata até o BNDES, que financia investimentos na região. O cacique Werakwaray, do Espirito Santo, informou por volta das 14h que uma comissão de 12 indígenas conseguiu negociar com autoridades do banco.
Os índios, de diversas aldeias do Brasil, já deixaram o local em grupos. Eles seguiram pela faixa da direita da Avenida Rio Branco, em direção ao Aterro do Flamengo, onde ocorre a Cúpula dos Povos. O trânsito não foi interrompido. Eles passaram pela Cinelândia e atravessaram a Avenida Beira Mar.
O retorno foi ordeiro. No caminho, em todos os cruzamentos de ruas e avenidas, os manifestantes sacudiam chocalhos e apontavam lanças para os motoristas abrirem caminho para os grupos. Os índios percorreram as ruas do Centro dando gritos de guerra.
Quando os índios chegaram ao BNDES, seguranças fizeram um cordão de isolamento na entrada principal do prédio. A porta do edifício da Petrobras, do outro lado da rua, também foi fechada para evitar a entrada dos manifestantes.
O representante dos Arariboias, Bentilho Jorge, disse que eles esperavam ser recebidos por algum representante do BNDES.
— A gente espera ser recebido pelas lideranças do BNDES, pois precisamos protestar contra o Fundo Amazônia e a PEC 215, que se for aprovada não vai permitir mais que sejam demarcadas nossas terras - afirmou.
Mulheres também fizeram marcha pelo Centro do Rio
Mais cedo, uma manifestação de mulheres da Cúpula dos Povos causou um nó no trânsito. Por volta das 11h30m, a pista lateral direita da Avenida Presidente Antônio Carlos foi fechada pela marcha das mulheres no sentido Candelária. Para minimizar os impactos no trânsito, as faixas do sistema BRS foram temporariamente liberadas ao tráfego para todos os veículos. Os reflexos da passeata chegaram às avenidas Presidente Antônio Carlos e Beira Mar, Presidente Vargas, na altura da Rua de Santana, Viaduto do Gasômetro e Elevado da Perimetral.
Segundo organizadores do evento, cerca de 5 mil mulheres de 60 organizações participaram da manifestação. Muitas, inclusive, desfilaram com os seios de fora. A Polícia Militar, entretanto, ainda não informou o número de protestantes. Por volta das 12h15m, elas se instalaram no Largo da Carioca, junto com outros movimentos populares. Antes de chegar ao Largo, manifestantes percorreram a Rua da Assembleia e, por isso, a Avenida Rio Branco ficou temporariamente interditada nesse trecho. A manifestação acabou por volta das 13h, na altura da Avenida Almirante Barroso. Segundo informação dos militantes, cerca de dez mil pessoas participaram.
De acordo com uma das organizadoras da Marcha das Mulheres e representante da via campesina, Adriana Mesali, o objetivo do movimento não era parar a cidade, mas chamar atenção para a reinvidicação dos movimentos.
— A gente não quer perturbar a vida de ninguém, mas em algumas situações é necessário ocupar as ruas para que a cidade perceba a luta dos movimentos sociais. Não adianta ficar concentrado somente no Aterro do Flamengo — disse Adriana, que é uma das principais lideranças femininas no campo.
Uma das líderes do movimento, Schuma Schumacher disse que a ideia é chamar a atenção do governo.
— Queremos mostrar que um documento baseado no livre mercado não será a solução. Não há solução ambiental sem solução social e enfrentamento da pobreza. É por isso que estamos lutando — falou.
A ecóloga Thais Moraes veio de Belo Horizonte especialmente para a Marcha. Aos 23 anos, ela fez barulho tocando um latão pela legalização do aborto:
— As mulheres precisam ter o direito de fazer o que quiserem com seu corpo. Por isso que faço barulho.
Já a funcionária pública Ana Cristina Serafim, de 44, veio com outras 40 mulheres de Fortaleza em defesa pela liberdade. Para ela, ser livre signifca não ser alvo de violência doméstica e possuir um trabalho digno.
— Mulher tem prazo de validade. Depois dos 40, a vida fica mais difícil.
As principais reinvidações são a campanha contra a economia verde, contra a proibição do aborto e em favor da liberdade do corpo. Leila Tavares, da Marcha Mundial das Mulheres afirmou:
— Estamos aqui para dizer não à economia verde, não à mercantilização dos recursos naturais e do nosso corpo.O grupo deixou o Museu de Arte Moderna (MAM) em direção ao Largo da Carioca pela Avenida Beira-Mar, que apresentou lentidão no tráfego.
A Manifestação das Mulheres por Justiça Social Ambiental Contra a Mercantilização da Vida em Defesa dos Bens Comuns tem participação de representantes do Movimento Sem Terra (MST) e feministas. Os manifestantes seguiram para a Avenida Beira Mar até o MAM, onde se juntaram a outro grupo de mulheres. Elas vão fazer o seguinte trajeto: Avenida Presidente Antonio Carlos, Rua da Assembleia, Largo da Carioca.
Devido à manifestação, outras vias em direção ao Centro tiveram problemas na manhã desta segunda-feira. A Radial Oeste apresentou lentidão com reflexos na Avenida Marechal Rondon. Já o congestionamento na Avenida Francisco Bicalho e Rodrigues Alves afetou a Ponte Rio-Niterói, que teve lentidão em toda a sua extensão e congestionamento nas saídas para o Elevado da Perimetral e para a Rodoviária Novo Rio.
Operadores da CET-Rio e guardas municipais seguem orientando o tráfego.18.06.2010
segunda-feira, 18 de junho de 2012
Manifestações nas ruas do Centro marcam o sexto dia da Rio+20
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