Há um mês, comentei num post o caso Cesare Battisti. Como o Supremo Tribunal Federal vai julgar nesta quarta-feira o pedido de extradição formulado pelo governo italiano, seguem-se trechos que compõem o resumo da ópera.
Adriano Sabbadin tinha 17 anos quando testemunhou a execução do pai, um açougueiro que morreu por não saber distinguir um assalto a mão armada de uma expropriação revolucionária.
Em janeiro de 1979, quando rechaçou a bala o bando que invadiu o açougue na cidadezinha perto de Roma, Lino Sabbadin mirou num ladrão. Nem desconfiou de que atingira um guerrilheiro designado para expropriar o capital de um comerciante burguês.
A chefia do grupo Proletários Armados para o Comunismo (PAC: boa sigla para coisas delirantes) achou que aquilo merecia a pena de morte, executada em 16 de fevereiro .
Pelo que Adriano viu e ouviu, foi assassinato. Engano, ensinaram panfletos distribuídos pelo PAC para festejar a vitória na Batalha do Açougue. O que lhe pareceu assassinato fora um “justiçamento revolucionário”.
“Eles chegaram às quatro e meia”, lembra. Os pais atendiam um freguês no balcão e ele falava ao telefone na parte dos fundos quando os tiros começaram. “Fiquei apavorado e subi correndo para o segundo andar, onde ficava a casa da família”.
Esperou uns dois ou três minutos intermináveis até encorajar-se a olhar da janela que dava para a rua. Três jovens sairam do açougue com passadas rápidas e entraram num carro estacionado metros além.
Desceu e encontrou o pai estirado numa poça vermelha, ao lado da mãe com o avental branco ensopado de sangue. Trinta anos depois de espantar-se com a versão dos matadores, ficou ainda mais espantado ao saber que o governo brasileiro concorda com o grupo de extermínio: houve um “crime político”.
Punido com a prisão perpétua pela participação no assassinato de Sabbadin e de mais três “contrarrevolucionários”, Battisti foi inocentado pelo ministro Tarso Genro. que promoveu a herói do povo um ladrão vocacional com mestrado em latrocínio e transformou em “perseguido político” um homicida de carteirinha.
Na Itália dos anos 70, não havia tiranias a combater nem déspotas a derrubar. Battisti não foi julgado por tribunais de exceção, mas pelo Poder Judiciário de um regime exemplarmente democrático.
Caberá ao Supremo Tribunal Federal decidir se um juiz acidental homiziado no Ministério da Justiçda pode absolver um homicida e arquivar o pedido de extradição formulado pelo governo italiano.
Se revogar a rabulice atrevida protagonizada por Tarso Genro, o STF terá reafirmado que a última instância não foi transferida para o Executivo.
Se capitular, estará aconselhando o PCC a trocar esse Primeiro Comando da Capital da certidão de batismo por um bem mais moderno Partido dos Comunistas Convertidos.
O primeiro nome costuma dar cadeia. O segundo permite roubar e matar sob a proteção do governo brasileiro. Aqui.
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