A história de... José Salgado, emigrante nos Estados Unidos.
No dia do atentado terrorista contra o World Trade Center, estava no piso 47 quando viu o prédio em chamas e um avião a entrar pelas janelas. Galgou escadas e fugiu.
Oito anos depois, conta a sua história.
A vida de José Salgado, 47 anos, emigrante nos EUA, mudou radicalmente no dia 11 de Setembro de 2001 quando, juntamente com outros colegas, estava na torre 1 do Word Trade Center de Nova Iorque.
Faz hoje oito anos.
No calendário do pesadelo ficaram memórias, gritos de socorro.
Oito anos depois, o antigo director desportivo do Sport Clube Português de Newark - a cidade mais portuguesa do EUA - já refez a vida, mas ainda hoje não sabe como conseguiu sair "milagrosamente" dos escombros e fugir pelas ruas, por entre gente aflita, sirenes de ambulâncias dos bombeiros e salva-vidas.
"Tinha entrado na torre maldita pelas 8.30 horas e, de repente, vejo o prédio em chamas, a abanar, com bocados de avião a entrar na caixilharia de alumínio.
Estava no piso 47.
O Mundo parou.
Só tive tempo para galgar as escadas. Demorei 25 minutos a sair do inferno. Fiquei em pânico e só parei cá fora", contou, ontem, em Nova Iorque, onde trabalha como corretor de mercados, na Bolsa de Wall Stret.
Apoiante de Obama, "porque Bush meteu a América numa guerra",
José Salgado reaprendeu a viver a vida de outra maneira, a ser mais cauteloso quando entra, por exemplo, num avião ou num comboio.
Agora, pára e fita os passageiros com mais desconfiança.
A insegurança apoderou-se dos sentidos.
"O Mundo mudou muito e agora, quando tenho diante de mim uma pessoa estranha, observo-lhe os movimentos. No princípio, quando reparava em alguém a ir aos bolsos ficava inquieto. Agora, já não", garante.
Neste regresso ao passado, o sobrevivente do pior atentado terrorista diz que o mundo ainda está a pagar uma "pesada factura" devido aos acontecimentos do 11 de Setembro.
"A crise económica ainda está longe do fim. O desemprego continua em alta. Resta esperar e acreditar que Obama consiga devolver a confiança a este grande país", confessa.
Oito anos depois da tragédia, José Salgado não perdeu o sonho de uma vida melhor.
Vive em New Jersey e voltou a Nova Iorque e aos negócios.
Refez velhas amizades e decidiu celebrar a vida com mais intensidade.
"Agora faço anos duas vezes no ano. No dia 2 de Março e no dia 11 de Setembro. Só damos valor à vida quando sentimos perigo à nossa frente, com um prédio em chamas e um avião a entrar pelas janelas. Nunca mais vou esquecer".
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