Crise na Receita
PT chama pedido de demissão de dirigentes da Receita de ato político.
Para oposição, é reação a tentativa de ingerência
Bernardo Mello Franco
Parlamentares da oposição disseram nesta segunda-feira que a saída de 12 integrantes da cúpula da Receita Federal é uma reação a tentativas de ingerência política no órgão. Eles acusaram o governo de ter aumentado a pressão sobre a Receita ao exonerar dois servidores ligados à ex-secretária Lina Vieira. Já o líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), negou interferências e classificou a demissão coletiva de ato político.
O motim foi elogiado pelo líder do DEM na Câmara, deputado Ronaldo Caiado (GO). Para ele, a carta de demissão demonstra insatisfação generalizada com o governo nos escalões inferiores do órgão:
" O governo está contrariado porque a ex-secretária teve atuação independente e não se submeteu a pressões "- São servidores de carreira que exigem independência e não aceitam a submissão que tentam impor. É um gesto que deve ser aplaudido, porque a grande maioria costuma se calar para não perder o cargo.
Na avaliação do deputado, o governo teria feito uma caça às bruxas contra os ex-assessores de Lina, que acusou a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, de pedir pressa na fiscalização de empresas da família Sarney:
- É uma clara retaliação. O governo está contrariado porque a ex-secretária teve atuação independente e não se submeteu a pressões.
Vaccarezza critica demissionários
O líder da minoria no Congresso, deputado Otavio Leite (PSDB-RJ), afirmou que a debandada enfraquece o novo secretário, Otacílio Cartaxo:
" Se o governo quisesse interferir politicamente na Receita, não teria esperado sete anos e meio para começar a fazê-lo "
- Fica mais clara a instabilidade emocional do governo com a queda na arrecadação. Explica a ação desesperada no Congresso para tentar ressuscitar a CPMF com a criação da CSS.
Vaccarezza falou duro contra os demissionários:
- Se as pessoas querem sair, que saiam. Ninguém é insubstituível.
O petista disse que a ex-secretária não conseguiu sustentar as acusações contra Dilma no depoimento à Comissão de Constituição de Justiça do Senado .
Ele sustenta que Lina mentiu ao acusar a ministra de pedir pressa na investigação, em encontro que Dilma diz não ter ocorrido:
- Não há e não houve qualquer ingerência indevida no órgão. Se o governo quisesse interferir politicamente na Receita, não teria esperado sete anos e meio para começar a fazê-lo. Aqui.
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