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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

NO TRIBUNAL, O TRABALHADOR CONTRA O BURGUÊS DO CAPITAL ALHEIO

Por Reinaldo Azevedo

Eu não tendo a atribuir sentido, sei lá como dizer, “moral” (?) à origem social dos indivíduos.

As pessoas são o que são e, eventualmente, aquilo em que se transformam.

Há os bons e os maus em todos os estratos (com “s” mesmo) sociais. Essa história de santificar os “de baixo” e satanizar os “de cima”, de opor “povo” a “elites”, de distinguir aqueles que são ideologicamente confiáveis dos que são suspeitos, bem, isso tudo é com o PT e com Lula.

Eles transformaram essas distinções em categorias políticas.

Assim, como ignorar a ironia do dia? Na prática, as duas forças que se opõem, hoje, no tribunal são o “pobre”, o “operário” (caseiro), o “ideologicamente puro”, o “homem do povo” Francenildo Costa e o “elitista” Antonio Palocci, ex-ministro de estado, ex-todo-poderoso (e ainda muito poderoso) da República, o enfant gâté do mercado financeiro, um medalhão do partido que organiza a burguesia do capital alheio.

É uma pequena, ou nem tão pequena assim, ironia da história.

O partido que prometia, no que já é um clichê, levar a classe operária ao paraíso terminou, na simbologia da própria legenda, opondo-se a ela num tribunal. E

pelos piores motivos: o “estado burguês”, que era justamente o alvo do “coletivo dos trabalhadores” organizados num partido, foi mobilizado, pelos motivos mais torpes, contra um trabalhador em particular.

O STF aceitará ou não a acusação contra Palocci? Vamos ver. O fato é que ele e seus companheiros participaram da mobilização do Estado contra o indivíduo. Isso é inequívoco. O extrato (este com “x”) bancário que foi entregue ao então ministro, apurou a PF, é o mesmo que foi vazado à imprensa.

Na prática, o humilíssimo Francenildo e o mui poderoso Palocci se confrontam no tribunal.

E isso conta uma boa parte da história moral do PT.

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