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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Mercadante é a metástase, imposta por Lula, o radioativo, a todos os que o cercam.

RUBINHO E MERCADANTE,
ANVERSO E REVERSO DA BRASILIDADE!


“O Mercadante renunciou
à renúncia,
desistiu de desistir,
revogou o irrevogável e
mijou pra trás...”

José Simão, humorista


Por Waldo Luís Viana*


Rubinho Barrichello é a cara do Brasil. Modesto, intenso, bom moço, bom pai e filho, vive a carreira com dedicação e é emérito piloto, apesar das piadas que lhe fazem por não conseguir ganhar sempre no automobilismo. Não é gênio como Aírton Senna, mas já foi vice-campeão mundial no esporte. Todos o respeitam no meio em que trabalha e ele próprio cuidou de nos confessar, recentemente, que ama o país e adora ser brasileiro.

Aloísio Mercadante é o reverso cru dessa medalha intensa. Falso doutor e falso líder, melífluo no falar, mas fâmulo e sacripanta no fazer – o jovem já velho senador produziu dos piores monumentos à indignidade humana, nesta semana. Tentou renunciar e renunciou à renúncia. O que era irrevogável e partia das entranhas foi apascentado pelo gosto do pior sabujismo, que é a doutrina preferida dos intelectuais orgânicos do PT.

Lula não gosta de intelectuais orgânicos. Só criam problema para a sua personalidade grotesca, cheia de complexos psicanalíticos que os brasileiros tão bem conhecem e aprenderam a aguentar. Enquanto nossas meninas do vôlei ganham torneio internacional e nossos atletas voltam de Berlim sem medalha por falta de mais apoio e patrocínio, enquanto o bom Brasil funciona, o mau Brasil de Mercadante e Lula, da corrupção mastodôntica e dos piores exemplos de dignidade se espraia pelo poder Legislativo e se instala como cancro cancerígeno dentro do PT. E Mercadante é a metástase, imposta por Lula, o radioativo, a todos os que o cercam.

Livrar-se do PT e de suas lutas antigas e incômodo programa – eis a tarefa, legada pelo presidente, aos próprios petistas em nome do poder pelo poder. Continuar mandando é a suprema fruição, porque o povo até gosta de tal opressão, em troca de migalhinhas.

Ficamos assim: o bom Brasil, enquanto pode, vai andando apesar deles. O país da Petrobrás, do BNDES, da Caixa Econômica e do Banco do Brasil, o quadrilátero da prosperidade que segurou a crise internacional, e que não começou com o PT, continua vivo. Temos, também, personalidades de excelência nessa nação, distribuídos entre a medicina, o direito, a música, a engenharia, a arquitetura, a cultura, o humor, o canto e a música – a ponto de, por alguns instantes, conseguirmos esquecer da política e de sua podridão.

Ocorre que, ao contrário de Rubinho, que permanece lutando pela competência e não desiste nunca, Mercadante resolveu ficar, desmoralizando até o Dia do Fico, completamente envolvido num day after de imensa tristeza durante outro mês de agosto que tivemos que atravessar.

Ter desistido da renúncia é quase tão grave quanto a própria renúncia de Jânio Quadros e o suicídio de Getúlio (menos, Waldo, Mercadante é personagem bem menor!) – todos acontecimentos terríveis vividos também no mês cruel. O líder do PT, fragilizado e sem credibilidade, vai exibir o cenho de um partido em frangalhos, que nada conseguirá produzir a não ser servir de cadeira mole para o chefe sentar, quando bem quiser.

Aliás, esse partido chegou ao paroxismo em matéria de culto à personalidade. Nem partidos leninistas da Europa ou da Ásia movimentaram-se em torno de um líder com tanta subserviência. E a contradição maior no cenário (sempre, a velha dialética!) é que um partido de esquerda, que deveria honrar mais o homem social que o individual, acaba imprensado e destruído pelo próprio presidente-fundador. Imagine o que possa acontecer ao partido se Lula, o radioativo**, desaparecer?

A esse ridículo culto à personalidade, Mercadante se submeteu com uma cartinha e a espinha inclinada, como é do seu estilo. É um injustiçado em matéria de cargos pelo próprio presidente, que não quer a falsa erudição do companheiro por perto, enchendo o saco no Executivo e prefere que ele fique no Legislativo, chateando os outros.

Esse personagem, agora de ópera-bufa, vai se movimentar no Senado, pedindo desculpas, com sorriso amarelo e bigode arriado. Todos os que lhe virarem as costas irão comentar, entre gargalhadas, o nível a que chegou o parlamentar. Será um mágico em exercitar argumentos retorcidos para justificar o injustificável. Sua palavra valerá tanto quanto bexiga furada ao vento. Ninguém mais levará a sério o Mercadante que deseja prosseguir na carreira.

E qual carreira? A que precisa de votos está completamente comprometida. Dez milhões de votos, nunca mais, ficou como doce lembrança da biografia que ele cuidou, diligentemente, de conspurcar. O povo paulista gosta de novidades e vai se divertir com outros, retirando do cenário, em 2010, dois senadores paulistas.

Mercadante é o reverso da brasilidade porque provou que não tem coragem e corrige os rumos como autômato, com alguém torcendo a chave em suas costas para que ele exiba o tal discurso afinado. Como fingir grandeza, sem grandeza, desprendimento, sem desprendimento, ardor, se exibe uma personalidade calculista e fria, mas, paradoxalmente, sem qualquer racionalidade?

Já se diz até, a boca pequena, que na longa conversa com Lula resolveu, pela gravidade dos acontecimentos, desistir de disputar nova eleição, em troca do Banco Central, em fim de mandato. Assim, de posse das “inside informations” da República poderá vislumbrar boa e gorda aposentadoria.

Essa é a diferença entre ele e Rubinho. Este não precisa pensar em aposentadoria, porque está cumprindo o dever e nos enche de admiração e orgulho. Mercadante, ao contrário, é digno de compaixão, porque passou a demonstrar um apego inoxidável a cargos e vaidades, como um coronel nordestino de alma envelhecida. Mercadante nada mais tem a legar a ninguém.

Se já não tinha ideias confiáveis ou conhecidas, agora vai gritar sem ninguém ouvir, vai tentar criar espetáculo, quando o show será dos outros e rearticular um partido que não discute nada, apenas pergunta o que o chefe maior deseja. Mercadante representa o amém dos néscios e o velório das ditaduras.

O bom Brasil continuará funcionando e respirando para além dele. E os cidadãos, naturalmente, irão buscar outros exemplos para os filhos, decalcados naquele país de excelência que tem aí tantos exemplos e atitudes, como as de Barrichello, que nos enchem de alegria e orgulho.

Para viver sem grandeza, como personalidade pública, seria melhor morrer ou desistir. Mas isso o senador paulista, em fim de mandato, realmente demonstrou que não entende. Não entende do Brasil profundo e de nossa brasilidade...


* Waldo Luís Viana é escritor, economista (mesmo!) e poeta.
Preserva intacta a capacidade de vomitar...


1 comentários:

Anônimo disse...

Peço permissão aos amigos para fugir do tema e propagandear minha mais nova enquete:

Ted Kennedy morreu e seguiu o destino de todos nós, que viemos nús ao mundo e deste nada levaremos... Ted era o leão do senado norte-americano e concluo que seus 46 anos de vida pública deixaram marcas na política de esquerda daquele país... mas agora que as cortinas do palco se fecharam, Ted é mais um dos muitos milhares que abandonam diariamente o planeta por término de missão... nada melhor, porém, do que elegermos quem será lembrado como o leão do senado brasileiro... no meu entender, há bichos de todo tamanho e plumagem em nossa câmara alta, em função de que lancei uma enquete que visa a rastrear a genética animal de nossos congressistas... os parlamentares mais em evidência serão expostos à análise de nossos amigos visitantes e ao final, definiremos que será nosso Ted... não confundir com TED (Terror das Empregadas Domésticas), nem com TEJ (Terror das Empregadas em Jornalismo)... passem lá no Blog do Clausewitz e elejam o animal que há cada senador... http://novoblogdoclausewitz.blogspot.com