Revista “Veja” faz denúncia contra Hélio Costa
A CAIXA-PRETA DO CAIXA DOIS
A Justiça eleitoral vai julgar se a candidatura do peemedebista Hélio Costa em Minas usou recursos ilegais para pagar viagens aéreas
Reprodução da revista Veja
Vinícius Segalla
A cada eleição, a Justiça Eleitoral aprimora as leis e os mecanismos de controle ao financiamento ilegal das campanhas. Mas a prática resiste, como pôde ser verificado agora em Minas Gerais.
O peemedebista Hélio Costa, candidato a governador, cruzou o estado em aviões e helicópteros da Helimarte Táxi Aéreo. Até agora, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Minas Gerais não sabe quem pagou os deslocamentos nem quanto eles custaram.
Por isso, a corte decidiu averiguar se a campanha de Hélio Costa recebeu recursos de caixa dois. O peemedebista diz que a despesa não consta em sua prestação de constas porque foi paga pelo PMDB.
É uma boa explicação. O problema é que o gasto não foi relacionado na documentação fornecida pelo partido ao TRE. Os advogados de Costa dizem que a omissão se deve ao fato de o pagamento ter sido feito sete dias depois da entrega dos papéis.
Esse argumento não é válido.
VEJA teve acesso à nota fiscal das viagens aéreas. Ela foi emitida pela Helimarte oito dias antes de o PMDB protocolar seus documentos no TRE e sete dias depois de o candidato do PSDB, o governador Antonio Anastasia, questionar na Justiça a origem dos recursos pagos à empresa aérea.
O peemedebista Hélio Costa, candidato a governador, cruzou o estado em aviões e helicópteros da Helimarte Táxi Aéreo. Até agora, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Minas Gerais não sabe quem pagou os deslocamentos nem quanto eles custaram.
Por isso, a corte decidiu averiguar se a campanha de Hélio Costa recebeu recursos de caixa dois. O peemedebista diz que a despesa não consta em sua prestação de constas porque foi paga pelo PMDB.
É uma boa explicação. O problema é que o gasto não foi relacionado na documentação fornecida pelo partido ao TRE. Os advogados de Costa dizem que a omissão se deve ao fato de o pagamento ter sido feito sete dias depois da entrega dos papéis.
Esse argumento não é válido.
VEJA teve acesso à nota fiscal das viagens aéreas. Ela foi emitida pela Helimarte oito dias antes de o PMDB protocolar seus documentos no TRE e sete dias depois de o candidato do PSDB, o governador Antonio Anastasia, questionar na Justiça a origem dos recursos pagos à empresa aérea.
O imbróglio talvez acabe por ser esclarecido, mas ele pode ser interpretado como um mau presságio.
A campanha de Hélio Costa ressuscitou políticos sobre os quais pesam suspeitas – e certezas – de uso de caixa dois e outras malfeitorias (veja o quadro abaixo).
Seu coordenador de campanha é Anderson Adauto, atual prefeito de Uberaba. Adauto foi ministro dos Transportes do governo Lula e é personagem do mensalão.
O operador carequinha Marcos Valério disse que lhe repassou 1 milhão de reais. Adauto responde a processo por corrupção e lavagem de dinheiro.
Há mais um integrante da campanha de Costa relacionado ao mensalão: Ivan Guimarães, braço direito do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares. Foi Guimarães quem articulou a aliança entre o PMDB e o PT mineiros. O ex-ministro da Saúde Saraiva Felipe, por seu turno, é suspeito de envolvimento na máfia dos sanguessugas, que desviava dinheiro de ambulâncias.
Já outro expoente do partido de Costa, Newton Cardoso, afirmou, com a cara limpa, ter amealhado uma fortuna de 2,5 bilhões de reais, enquanto exercia cargos públicos.
A campanha de Hélio Costa ressuscitou políticos sobre os quais pesam suspeitas – e certezas – de uso de caixa dois e outras malfeitorias (veja o quadro abaixo).
Seu coordenador de campanha é Anderson Adauto, atual prefeito de Uberaba. Adauto foi ministro dos Transportes do governo Lula e é personagem do mensalão.
O operador carequinha Marcos Valério disse que lhe repassou 1 milhão de reais. Adauto responde a processo por corrupção e lavagem de dinheiro.
Há mais um integrante da campanha de Costa relacionado ao mensalão: Ivan Guimarães, braço direito do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares. Foi Guimarães quem articulou a aliança entre o PMDB e o PT mineiros. O ex-ministro da Saúde Saraiva Felipe, por seu turno, é suspeito de envolvimento na máfia dos sanguessugas, que desviava dinheiro de ambulâncias.
Já outro expoente do partido de Costa, Newton Cardoso, afirmou, com a cara limpa, ter amealhado uma fortuna de 2,5 bilhões de reais, enquanto exercia cargos públicos.
Em 2003, esses políticos foram parar no ostracismo, graças à gestão exemplar do tucano Aécio Neves, que assumiu um estado falido. Na ocasião o governo de Minas tinhas dívidas de 5 bilhões de reais com fornecedores e um buraco orçamentário de 2,3 bilhões.
Dois anos depois as dívidas estavam renegociadas e as contas estaduais, sanadas. O estado seguiu uma rígida disciplina fiscal, recuperou a capacidade de investimento e instaurou a meritocracia na administração pública, premiando os servidores mais eficientes.
Receitas semelhantes foram aplicadas com sucesso em outras unidades da federação, por gestores dos mais diversos matizes ideológicos e partidos. E os eleitores os reconhecem. O petista Marcelo Déda obteve bons resultados em Sergipe.
Correligionário de Hélio Costa, o capixaba Paulo Hartung moralizou e desenvolveu seu estado. Déda e o candidato de Hartung devem ser eleitos. O socialista Eduardo Campos, que atraiu investimentos para Pernambuco, provavelmente ganhará um segundo mandato em primeiro turno.
A exceção é a tucana Yeda Crusius, governadora do Rio Grande do Sul, cuja boa gestão foi obscurecida pela crise política. Qualquer que seja o resultado da eleição estadual em Minas, é fundamental assegurar que os ganhos de moralidade e gestão não sejam corroídos pelos vícios da velha política.
Se for o vencedor, Hélio Costa fará um bem a Minas Gerais e a si mesmo livrando-se das companhias suspeitas.
Dois anos depois as dívidas estavam renegociadas e as contas estaduais, sanadas. O estado seguiu uma rígida disciplina fiscal, recuperou a capacidade de investimento e instaurou a meritocracia na administração pública, premiando os servidores mais eficientes.
Receitas semelhantes foram aplicadas com sucesso em outras unidades da federação, por gestores dos mais diversos matizes ideológicos e partidos. E os eleitores os reconhecem. O petista Marcelo Déda obteve bons resultados em Sergipe.
Correligionário de Hélio Costa, o capixaba Paulo Hartung moralizou e desenvolveu seu estado. Déda e o candidato de Hartung devem ser eleitos. O socialista Eduardo Campos, que atraiu investimentos para Pernambuco, provavelmente ganhará um segundo mandato em primeiro turno.
A exceção é a tucana Yeda Crusius, governadora do Rio Grande do Sul, cuja boa gestão foi obscurecida pela crise política. Qualquer que seja o resultado da eleição estadual em Minas, é fundamental assegurar que os ganhos de moralidade e gestão não sejam corroídos pelos vícios da velha política.
Se for o vencedor, Hélio Costa fará um bem a Minas Gerais e a si mesmo livrando-se das companhias suspeitas.
Reprodução da revista Veja
Eles querem voltar
Eles querem voltar
A eleição do candidato a governador de Minas Gerais, Hélio Costa, do PMDB, pode ressuscitar políticos de passado controvertido
Newton Cardoso
Denunciado por desvio de verbas, disse ter acumulado mais de 2,5 bilhões de reais enquanto exercia cargos públicos
Anderson Adauto
Ex-ministro dos Transportes do governo Lula, admitiu ter participado do mensalão: teria recebido mais de 1 milhão de reais do valerioduto
Ivan Guimarães
Conhecido como Ivan, o Terrível, articulou a aliança de Costa com o PT. Ex-presidente do Banco Popular, admitiu ter liberado 29 milhões de reais para a DNA, agência de Marcos Valério, o operador do mensalão
Saraiva Felipe
Ex-ministro da Saúde de Lula, tem duas ligações com a máfia dos sanguessugas: fez emendas que beneficiaram o esquema e nomeou a assessora que chefiava a quadrilha a partir de um gabinete vizinho ao seu
João Magno
Ex-deputado do PT, recebeu dinheiro do mensalão. Ao ser absolvido pela Câmara, inspirou sua colega Angela Gaudagnin a fazer a coreografia da “dança da pizza”
28/08/2010, por Equipe do Blog
Fonte: Revista Veja – 1/09/2010
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