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sábado, 17 de outubro de 2009

COMPANHEIROS: A descoberta da agenda de Lina

Franklin Martins e o senador José Sarney: o ministro diz que é mentira a versão de que o governo tentou ajudar a família do senador na Receita

Fotos Celso Junior/AE e Dida Sampaio/AE

COMPANHEIROS

A descoberta da agenda de Lina acontece em um momento especial para a ministra Dilma Rousseff, que, com a saúde recuperada, volta a empinar sua candidatura à Presidência.

Apesar de ainda patinar nas pesquisas, a ministra tem conseguido apoios importantes, resultado de sua dupla jornada como ministra e candidata à sucessão de Lula.

Nos últimos dez dias, sempre fora de seu expediente como ministra, Dilma, a candidata, abraçou Jader Barbalho no Pará, discursou numa conferência do PCdoB na Bahia, seduziu PDT e PR em jantares individuais em Brasília e fez as últimas costuras em torno do anúncio, previsto para esta semana, no qual o PMDB vai declarar a intenção de apoiar sua candidatura à sucessão do presidente Lula.

A candidata ainda arrumou tempo para ser homenageada em um culto evangélico em São Paulo e, quatro dias depois, tomar um banho de "axé" numa igreja da Bahia.


A agenda de Dilma, a candidata, está cada vez mais parecida com a agenda de Dilma, a ministra.

Na semana passada, ao acompanhar o presidente Lula em uma visita de três dias a Pernambuco, a ministra dormiu em um barracão, fez discursos exaltados e chegou a participar de "inauguração" até de auditório de canteiro de obra.

A obra, a transposição do Rio São Francisco, teve apenas 15% de sua totalidade executada até agora. Ainda que a ministra não seja oficialmente candidata, a estrutura de sua campanha impressiona.

Dilma já tem marqueteiro (João Santana, o mesmo de Lula), dois coordenadores de campanha (o ex-ministro Antonio Palocci e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel) e um guru para a internet com fama internacional (Ben Self, uma das estrelas da campanha que ajudou a eleger Barack Obama presidente dos Estados Unidos em 2008).

O estrategista informal é Franklin Martins, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação.

O registro feito pela ex-secretária em sua agenda pessoal não é, obviamente, prova irrefutável de que a reunião realmente ocorreu e, consequentemente, de que Dilma não disse a verdade.

Mas sua existência é um avanço considerável, sobretudo quando analisado em conjunto com informações já conhecidas. Na ocasião da denúncia, Lina chegou a ser desafiada por Franklin Martins, que a chamou de mentirosa.


Em agosto passado, o senador Romero Jucá, um dos principais defensores do governo no Congresso, divulgou um relatório com as entradas oficiais de Lina no Palácio do Planalto.

De acordo com Jucá, a ex-secretária esteve no Planalto quatro vezes - em outubro de 2008 e nos meses de janeiro, fevereiro e maio de 2009.

O único ingresso registrado no ano passado, portanto, ocorreu em 9 de outubro, às 10h13.

Lina, segundo os registros oficiais, deixou o Planalto às 11h29 do mesmo dia.

Na época, interessava ao governo divulgar a informação porque, embora afirmasse não lembrar com exatidão a data do encontro, Lina dizia que a reunião teria ocorrido no fim do ano, provavelmente em dezembro.

A falta de registro de um ingresso de Lina naquele mês, portanto, seria um indício de que a ex-secretária mentia ao confirmar o encontro com a ministra.

Agora, com o surgimento da agenda, e da anotação de que o encontro com Dilma ocorreu no mesmo dia 9 de outubro, a tentativa de desmentir a ex-secretária pode acabar confirmando sua versão.


Chega sempre a hora em que não basta apenas protestar: após a filosofia, a ação é indispensável.

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