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domingo, 11 de outubro de 2009

BARACK NOBEL OBAMA



Os americanos guardam
o revólver debaixo do travesseiro
e passam a noite com insônia,
com medo de que ele atire.”
Provérbio popular inglê
s


Por Waldo Luís Viana*

Palavra que fiquei surpreso. Larguei até meus afazeres para pensar no que havia acontecido. Houve uma translação no mundo e não percebi. Pensava que iriam dar o Nobel da Paz ao Lula, mas deu Obama.

Da Suécia para o mundo – todos porém ficamos em festa!

Obama é a esperança, mal começou o mandato, muito diferente do antecessor e também recebeu no colo, coitado!, uma herança maldita
(2 guerras).

Lula, transitado em julgado (quase oito anos, ufa!), é amado no exterior e parecia pule de dez.

No entanto, a academia sueca resolveu presenteá-lo depois, fora do mandato. Afinal, o filho do Brasil merece, pois é fiel ao grupo Bilderberg, ao Clube de Roma, ao Clube de Paris, ao FMI, ao Banco Mundial, ao BID, etc.

Obama disse que Lula “é o cara”, numa tradução tão livre que só favorece o elogiado. No entanto, o presidente norte-americano não passou recibo, como nossos políticos: não desdisse o que disse nem culpou a mídia. Ficou a frase, replicada à farta pelos petistas, logo eles que fingem detestar o “Império”...

Obama, meu querido, jogaram-lhe uma casca de banana! Você passará a ter obrigação de procurar a paz a qualquer custo e isso, nos Estados Unidos, significa sacrificar a reeleição.
 

O último a tentar isso, de maneira idealista, foi Jimmy Carter, também democrata e prêmio Nobel, perdendo a reeleição para Ronald Reagan.

O complexo industrial-militar não gosta de presidente bonzinho.
Ele tem que manter o mercado de guerras, porque armamentos precisam ser vendidos e as bases norte-americanas no exterior devem continuar equipadas e em plena prosperidade.

Até Bin Laden precisa ser mantido vivo, porque para o poder constituído é necessário que exista um bandido visível. Quem sabe ele nem mais exista, perdido na poeira imaginária que fabrica os “bad guys” e os salários da CIA!

A minoria branca, de olhos azuis, por seu turno, tem desprezo pelo presidente democrata, que deseja universalizar os planos de saúde e mobilizar os civis a favor de causas patrióticas, o que aqui chamamos pomposamente de “inclusão”. Nos Estados Unidos, porém, a mentalidade sulista é inextirpável de certos segmentos e o conflito racial continua surdo e insolente...

Os muçulmanos desconfiam do presidente negro, mesmo com o curvo parentesco, porque ele ainda não disse a que veio, apesar das palavras bonitas proferidas num discurso sobre política externa, no Egito. Israel, por sua vez, exibe enormes preocupações quanto ao comportamento presidencial.


Os israelenses esperam de Obama uma palavra definitiva de repúdio ao Holocausto, contestado até em sua veracidade histórica pelo presidente do Irã, fato que não frequenta o discurso ambivalente e cauteloso do sucessor de Bush.

Cuba ainda não se satisfez, também, quanto ao destino do embargo comercial à ilha e ao status de Guantánamo. As grandes decisões nesse campo foram adiadas, porque não se pode contrariar de fato a colônia cubana da Flórida, bem como os demais sulistas que falam espanhol. Aliás, os Estados Unidos já são uma nação bilíngue e só falta a aceitação jurídica do fato.

A derrota da tutela do inglês, como idioma oficial e solitário, conduziria muitas mentes colonizadas no exterior a também realizar oportuna revisão psíquica. Sem falar na China, que treina silenciosamente mais de 250 milhões de seus habitantes para falar inglês e decifrar, finalmente, os códigos secretos norte-americanos...

O Nobel, consoante a inflação dos países desenvolvidos, é um prêmio de 1,4 milhão de dólares. Obama vai doá-lo a instituições de caridade. Se eu fosse milionário e recebesse o prêmio, também o faria. Muito educado e muito fino. Michelle, a primeira-dama, deve ter interferido nessa decisão e nem pensou nas crianças...

A mensagem internacional para Obama, no entanto, é muito agressiva, para bom entendedor. Significa que o resto do mundo, menos os Estados Unidos, está cansado de conflagrações gratuitas, no velho estilo republicano, porque a guerra é muito cara.

Conflitos localizados, pouco intrincados, sim, porque armamentos são vendidos, transferidas as tecnologias imprestáveis para países do Terceiro Mundo – e todos ficam satisfeitos.

É possível até suportar um Chávez aqui, um Ahmadinejad acolá, plenamente palatáveis, desde que não ultrapassem muito o sinal.
 


Os negócios continuarão os mesmos, com crise ou sem, os paraísos fiscais, funcionando sem peias ou taxações, e as dívidas internas dos países emergentes, pilotadas por capitais voláteis, haverão de crescer, porque hoje o capitalismo não mais se expande de fora para dentro, mas de dentro para fora, como um pensamento...

Imaginem o que ocorreria no Brasil se após a Copa do Mundo em 2014, o pré-sal em 2015 e as Olimpíadas, em 2016, tivéssemos nosso primeiro premio Nobel, em 2009?

Seria mais um carnaval e outro feriado!

Felizmente, para todos nós, deu Obama e os marqueteiros de Lula terão de buscar, logo, logo, outro assunto, porque, no plano interno, vai sobrar o tema da crise, com o crescimento anual do PIB brasileiro, em 0,8%, nosso 70º lugar em desenvolvimento humano e medidas pontuais de economia do governo, sempre chicoteando o lombo sofrido da classe média.

Lula não muda os critérios. Determina que não mexam com os ricos e os pobres, porque os o que sobram no meio, com poucos votos, podem aguentar. Esse é o nosso prêmio Nobel da Paz...

O grande presidente norte-americano recebe o merecido reconhecimento pelo talento e as boas intenções. Em termos de felicidade, chegou ao limite da competência, porque em matéria de homenagens nada mais alto poderá pretender.

Mereceu até telegrama de Lula, veja só, do nosso guia e deus!

Quando isso acontece, porém, aí surge um perigo.

Porque se o sucesso é a regra, o prazer, o paraíso, e nossa cabeça bate no teto, diz a sabedoria popular, pelo menos no Brasil, que o tombo poderá ser muito alto...

*Waldo Luís Viana é escritor, economista, poeta e não corre o risco de cair, porque já está embaixo...


Teresópolis, 10 de outubro de 2009.


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