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sábado, 24 de outubro de 2009

A polícia carioca tem um histórico de conivência com a bandidagem que a faz a mais corrupta do Brasil

Nunca antes os traficantes haviam chegado tão longe.


Incumbido do resgate de feridos no confronto – que se estendeu pelos dias seguintes, produzindo 39 mortos, 41 presos e dez ônibus incendiados –, o helicóptero se preparava para pousar pela terceira vez na favela.

Alvejado, caiu em chamas, matando três ocupantes.

O armamento pesado, capaz até de perfurar blindagens, já está em poder das quadrilhas há mais de dez anos, como demonstram as apreensões feitas pela polícia.

Como essas armas chegaram ao topo dos morros e por que continuam ali é a questão central. A polícia carioca tem um histórico de conivência com a bandidagem que a faz a mais corrupta do Brasil.

Essa promiscuidade criminosa mina o ambiente de trabalho dos policiais e fortalece os bandidos.

Se restavam dúvidas, elas se dissiparam, na semana passada, nas cenas de policiais flagrados em mais um crime.

Em vez de prenderem os homens que acabaram de cometer um assassinato, tomaram deles os pertences roubados da vítima, que não socorreram.

Uma suposta participação dos policiais será ainda investigada.

O governador Sérgio Cabral tem uma avaliação realista sobre a situação de sua polícia. "Estamos longe, muito longe do ideal", diz.

Mas garante que isso não interferirá na realização dos Jogos.



"Se eles fossem daqui a três meses, não haveria problema.
A mobilização das forças de segurança em eventos assim é muito grande. O desafio é construir uma segurança de fato."


O reconhecimento pelos encarregados da tarefa é um bom sinal.
Ajuda a desentupir as artérias que levam a uma solução. Muitos dos passos a serem dados são conhecidos, há anos, pelos profissionais de segurança. Fazem parte disso as ocupações permanentes de favelas, iniciadas no ano passado, com resultados animadores.

Outra medida em curso é a neutralização de qualquer influência política na indicação de delegados e comandantes de batalhões. São avanços importantes, porém insuficientes. A dificuldade maior, daqui para diante, será admitir que, para mudar, é preciso enfrentar velhos problemas, e assumir responsabilidades sobre eles.

 

Nas próximas páginas, estão expostos quinze pontos sistematicamente varridos para debaixo do tapete quando se discutem soluções para a prevalência do crime no Rio.

Trazê-los ao debate é a contribuição de VEJA para a reconstrução de uma cidade maravilhosa.

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