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sábado, 24 de outubro de 2009

Pobre América Latina. Sob influência de Chávez, outro governante, Daniel Ortega, da Nicarágua, não quer deixar o poder


Ditadores perpétuos
Thomaz Favaro
Juliana Cavaçana

Ao cortar o entusiasmo dos que o insuflavam a buscar o terceiro mandato, o presidente Lula adquiriu estatura e força moral que o diferenciam radicalmente de muitos líderes da América Latina.
A região, onde historicamente a normalidade é um hiato, está de novo sensível à pregação antidemocrática e, como um elástico esticado que busca a posição de descanso, mergulhando no caudilhismo.
É o mesmo pântano populista em que a América Latina chafurdou no pass
ado.

A diferença agora é que os caudilhos se dizem de esquerda e
"bolivaria
nos", tendo como traços comuns a impossibilidade de convivência com a imprensa livre, o desrespeito à Constituição e a formação de esquadras de bate-paus para intimidar fisicamente os adversários.



O patrono da turma é o venezuelano Hugo Chávez, secundado por figuras menores como o equatoriano Rafael Correa e o boliviano Evo Morales.
Em Honduras, Manuel Zelaya tentou o golpe bolivariano, mas seu voo de galinha foi interrompido em pleno ar pela Corte Suprema e pelos militares.
O mais novo aderente ao caudilhismo de esquerda é o nicaraguense Daniel Ortega.
A única surpresa é ele não ter sido o primeiro a aderir.


Ortega está cumprindo à risca o manual de instalação de ditaduras de esquerda em países de instituições fracas.


Na segunda-feira passada, um grupo de seis juízes da Corte Suprema acatou um recurso, apresentado pelo próprio presidente, exigindo a anulação do artigo 147 da Constituição, que proíbe a reeleição.


Caso a decisão seja ratificada por nove dos dezesseis magistrados do tribunal, Ortega poderá concorrer nas eleições de 2011.


Como ele nomeou oito desses juízes e ainda tem direito a indicar mais um, o golpe constitucional está praticamente pronto.


Quando for consumado, o presidente da Nicarágua engrossará o time dessa nova modalidade de ditadura.

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