O Diretor-Geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda, disse na manhã desta quarta-feira, em audiência da CPMI dos Cartões Corporativos, que todas as contas relativas ao presidente da República e seus familiares devem ser sigilosas. De acordo com ele, até mesmo gastos supérfluos, como vinhos ou toucas de banho, podem representar brechas na segurança presidencial.
"É óbvio que através de um alimento você pode envenenar quem vai consumi-lo", disse.
Segundo Lacerda, a figura do presidente da República é uma instituição do Estado e deve ser preservada. Infelizmente, diz ele, não é possível que um líder de Estado circule livremente sem ser molestado.
"Devemos dar segurança, garantia. É imprescindível que questões de despesas ligadas ao seu dia-a-dia sejam alvos de cautela por parte do sistema de segurança", disse.
Ele citou até mesmo a ex-senadora colombiana Ingrid Betancourt, seqüestrada pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), quando fazia campanha para a presidência daquele país.
A presidente da CPMI, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), citou o depoimento da última terça-feira, do general Jorge Félix, responsável pelo gabinete de segurança do presidente. Ela alegou que o general admitiu que gastos corriqueiros, como os de alimentação não necessitariam de sigilo.
O mesmo fez o deputado Vic Pires (DEM-PA), alegando que "a carne do presidente, depois que ele comeu e não morreu, pode colocar no portal da transparência".
Lacerda seguiu sua linha de raciocínio e disse que mesmo pequenos gastos podem levar a padrões de consumo, sendo possível identificar pontos de venda e manipular produtos que podem prejudicar a segurança presidencial.
"O sigilo é absolutamente necessário. Os gastos não podem ser tornar vulnerabilizados por causa de uma eventual prestação de contas", destacou.
Vic concordou com a argumentação relativa ao padrão de consumo, alegando que uma casa de carne em que existe compra continuada da presidência da República realmente deve ficar sob sigilo. Ele defende, contudo, que outros consumos devem ser abertos tão logo sejam feitos.
Por fim, Lacerda lembrou aos integrantes da CPMI que todos os gastos da presidência são auditados pelos órgãos de fiscalização do Estado, como o Tribunal de Contas da União e Controladoria Geral da União.
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