É absolutamente necessário privatizar todas as empresas e todos os bancos estatais, que são concentração de poder político e econômico nas mãos de governantes, sindicalistas e políticos corruptos.
Álvaro Pedreira de Cerqueira
VIGILÂNCIA
O ano era 2003, o primeiro da gestão Lula, quando o sociólogo Francisco (Chico) de Oliveira, fundador do próprio PT, um dos que ergueram barricadas intelectuais contra a ditadura no Cebrap, ao lado de FH e outros, apontou para essa estranha metamorfose:
sindicalistas que, por meio da militância, chegavam à direção e aos conselhos de fundos de pensão de estatais, por onde circulam bilhões, e assim perdiam suas antigas raízes sociais.
Passavam a defender projetos pessoais e/ou políticos sem qualquer relação com os interesses dos trabalhadores.
Com o governo Lula próximo de completar oito anos, aquela "nova classe" ganhou ainda mais espaço, como mostrou reportagem publicada domingo pelo GLOBO sobre a infiltração de sindicalistas na alta administração da Petrobras.
O salto que deram militantes sindicais para ocupar postos-chave em fundos de pensão de empresas públicas ocorreu na estatal, mas foi além da Petros, caixa de seguridade dos funcionários da companhia.
Na petroleira, maior empresa da América Latina, sindicalistas exploram também o filão da área de comunicação institucional, têm presença na presidência, lançaram ramificações na área de recursos humanos, em gerências do setor de gás, bem como na subsidiária Transpetro.
Não é exagero dizer que a Petrobras se assemelha a uma "república sindical".
O modelo de aparelhamento da empresa é o mesmo que se observa no Incra e no Ministério do Desenvolvimento Agrário, por exemplo, entregues, como capitanias hereditárias, ao MST e a outros ditos movimentos sociais.
A grande diferença em relação à estatal é o poder que ela, pelo tamanho e volume de recursos que mobiliza, concede aos sindicalistas.
Mesmo sendo uma empresa de capital aberto, obrigada a prestar contas a milhares de acionistas, a estatal é um instrumento a serviço de projetos do governo Lula, sem qualquer relação com as atividades fins da companhia - financia-se de festas de São João ao MST.
À medida que se aproximarem as eleições de 2010, ficará mais visível o que é subordinar o Estado a um projeto de poder.
Será vital a vigilância do Poder Judiciário, do Ministério Público e das próprias organizações da sociedade para evitar que esta "privatização" de parte do Estado distorça o jogo democrático.
O GLOBO
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