Governo torra R$ 1 bi para salvar Sarney
A ordem é pagar emendas dos parlamentares, votar amanhã a Lei de Diretrizes Orçamentária e esvaziar o Congresso. Ao que parece ainda há uma pequena resistência de alguns petistas, em apoiar SarneyA meta é esfriar a crise política e reduzir a exposição da bancada do PT à pressão do Planalto para apoiar incondicionalmente o presidente José Sarney (PMDB-AP).
O montante liberado foi acertado em reunião entre os ministros Paulo Bernardo (Planejamento) e José Múcio (Relações Institucionais). O Planejamento informou ainda que, em 30 dias, mais emendas podem ser atendidas, a depender do desempenho da arrecadação .
A operação para esvaziar o Congresso envolveu ontem, além de Bernardo e Múcio, o chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, que trocou vários telefonemas com petistas.

"Vai dar para conversar", disse Múcio, admitindo que, diante do atual grau de descontentamento com a falta de verbas, o diálogo ficou mais fácil com a liberação do dinheiro das emendas.
O ministro tentou desvincular a liberação da operação de esvaziamento do Congresso e antecipação do recesso. "Não estamos adoçando a boca da base aliada", afirmou.
"Liberamos R$ 1 bilhão quando deveríamos liberar muito mais."
Na avaliação de Múcio, a crise está sob controle.
" A ordem é votar a LDO na Comissão Mista de Orçamento ainda hoje e encaminhá-la à apreciação do plenário amanhã. Como a Constituição determina que o Congresso não pode entrar em recesso no dia 17 de julho sem a aprovação da LDO, o governo acionou os líderes aliados para agilizar os entendimentos na comissão. Coube ao PMDB mobilizar o presidente da Comissão Mista de Orçamento, senador Almeida Lima (PMDB-SE), da gang de Renan Calheiros. "As divergências são poucas e de fácil solução. Encerraremos a votação na quarta, sem dúvida", disse Lima, lembrando que o regimento não permite pedido de vista a essa altura da tramitação.
Ideli foi ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), no início da tarde de ontem, para pedir a reserva do plenário da Casa. Como a LDO é votada em sessão conjunta de deputados e senadores, a preferência geral é pelo plenário da Câmara, bem maior que o do Senado.
A preocupação do governo, agora, é garantir quórum para a LDO na sessão de amanhã, quando os parlamentares costumam retornar aos Estados.
O Planalto investe nas férias do Legislativo para acalmar o PT, que não esconde o desconforto de ter de apoiar Sarney, em nome da parceria com o PMDB em 2010, a despeito das denúncias contra ele.
O entendimento é de que o recesso será útil para evitar que a bancada contrarie Lula, manifestando-se a favor da licença de Sarney.
A reunião do PT que discutiria ontem o problema foi adiada para hoje, mas a pauta pode ser outra: a CPI da Petrobrás.
Ainda assim será difícil escapar do debate em torno da licença de Sarney.
A senadora Marina Silva (PT-AC) não abre mão da reunião e diz que não há como desvincular a sucessão de 2010 do debate sobre a licença da presidência do Senado, que a maioria da bancada defende.
Estadão, Blog do Noblat,
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