Da Reuters
Por Daniel Trotta e
Enrique Andrés Pretel
TEGUCIGALPA (Reuters) - O chefe das Forças Armadas de Honduras que destituiu o presidente Manuel Zelaya do poder disse que a decisão de expulsá-lo do país foi tomada "pelo Estado" para salvar vidas, porque se ele permanecesse a violência iria irromper no país. Enrique Andrés Pretel
O general Romeo Vásquez Velásquez, líder do Estado-maior conjunto das Forças Armadas, disse à Reuters que foi difícil a decisão de derrubar Zelaya em 28 de junho porque os dois eram amigos.
Mas ele afirmou que cumpriu ordens da Suprema Corte e do Congresso, que acusaram Zelaya de violar a Constituição ao tentar ampliar os limites do mandato presidencial.
"O mundo lá fora nos vê como os caras maus, mas dentro do país somos aqueles que salvaram a democracia... O melhor juiz que teremos é a história", disse Vásquez Velásquez em uma entrevista no seu escritório no QG do comando conjunto.
"Fizemos isso por dever e por amor ao país, porque a democracia corria riso", afirmou.
Soldados tiraram Zelaya da cama e o colocaram em um avião rumo à Costa Rica, ainda de pijama, para impedir que levasse adiante um referendo em que a população seria consultada sobre a criação de uma Assembléia Constituinte que teria reescrito a Constituição e removido os limites para a reeleição presidencial. Em Honduras o mandato é de quatro anos, sem direito à reeleição.
A derrubada de Zelaya teve muito apoio popular, embora manifestantes favoráveis a ele tenham entrado em confronto com soldados militares nas ruas. Mas os Estados Unidos classificaram a ação de golpe e a condenaram.
A Organização dos Estados Americanos suspendeu Honduras de seu quadro. Muitos especialistas em legislação concordam que Zelaya extrapolou seus poderes, mas a resposta de mandá-lo para fora do país e lhe negar a chance de aparecer diante de um juiz ou mesmo um julgamento político é ainda mais controversa.
Vásquez Velásquez disse que a decisão de expulsar Zelaya do país foi tomada em conjunto pela Suprema Corte, líderes do Congresso e o tribunal eleitoral, mas ele se recusou a dizer quem exatamente deu a ordem.
"O Estado tinha de tomar uma atitude que não pusesse em risco a segurança do povo, para salvar vidas, já que se o presidente fosse levado à prisão aqui seus partidários poderiam ter invadido o presídio e criado problemas piores", disse o general.
"Os riscos foram assumidos para evitar males maiores", afirmou.
Zelaya e o político colocado em seu lugar pelo Congresso depois do golpe, Roberto Micheletti, viajaram para a Costa Rica na quinta-feira para conversações com o presidente da Costa Rica, Oscar Arias, escolhido para mediar a crise hondurenha.
Mas os dois rivais não se encontraram pessoalmente e deixaram seus delegados tomarem parte das conversações. Do G1.
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