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sexta-feira, 6 de junho de 2008

Paulinho na forca: cai a República de São Paulo

continuação

De resto, diz ter sido vítima de uma investigação clandestina da Polícia Civil paulista, submetida ao governador. E diz ter recebido visitas do prefeito Kassab.

“Esteve na minha casa duas vezes [...]. Eu disse que nossa tendência era ter candidato. Depois disso, teve a perseguição.”

Vão abaixo os principais trechos das declarações de Paulinho:

- Envolvimento nos desvios do BNDES: O que tem nisso tudo?

Uma ligação de uma pessoa, João Pedro [ex-assessor do deputado], para o Marcos Mantovani [dono da Progus, empresa ligada ao esquema].

Essa é a única verdade na história. Ele fala com outra pessoa e cita meu nome. O próprio João Pedro e o Mantovani disseram que usaram meu nome indevidamente.

- Sabia que João Pedro usava cartão de visitas de seu gabinete?

Claro que não. Ele inventou o cartão. Falsificou um cartão meu para se apresentar como um assessor.
- Quem o estaria perseguindo?

Passei a ser o deputado que articula as centrais sindicais. Isso incomoda empresários e políticos.
- Os políticos são do governo ou da oposição?

Tem alguns da base, mas é a oposição. Eles me consideram um traidor.
- Era ligado ao PSDB de São Paulo. Quem o persegue é o tucanato paulista?

Acho que sim. Mas vou dizer mais. Eu cometi uma falha [de não ter denunciado antes à imprensa] nesse processo todo. Começou com uma investigação sobre mim em São Paulo, em setembro no ano passado. Achei que era uma tentativa de seqüestro da minha filha.

Ela me ligou e disse ‘pai, estou sendo seguida’. E eu falei para ela ir a uma delegacia [...]. Pensei que fosse seqüestro.

Eu pedi para o coronel da Polícia Militar Wilson Consani Júnior verificar. Passaram uns dias, e ele me procurou. Disse: ‘Nós constatamos que é a Polícia Civil’.

A polícia tinha uma casa alugada ali perto da sede do PDT, na Vila Mariana. Os caras se identificaram e disseram que quem os mandou foi o alto comando da Polícia Civil. Para me prevenir, fui ao Ministério Público e dei um depoimento no dia 18 de outubro.

E procurei o Lupi [ministro do Trabalho, Carlos Lupi, então presidente do PDT]. Ele pediu para eu não denunciar. Não tinha como não falar que era o Serra, a Polícia Civil.

- Por que o PSDB teria feito isso?

Nos mantivemos uma independência do PDT em São Paulo. Não compusemos com o Serra para governador, fui candidato a prefeito. Agora eles faziam questão de contar com nosso partido.

- Acusa o governo estadual?

Alguém do governo está nisso. Tentaram o tempo todo controlar o nosso partido. Por isso, enfrentei para retirá-lo da base do Kassab. O Kassab esteve na minha casa duas vezes para dizer que não era candidato, mas queria manter uma boa relação conosco. Eu disse que nossa tendência era ter candidato. Depois disso, teve a perseguição em São Paulo.

Qual a relação disso tudo com as denúncias do caso BNDES?

Se eu tivesse denunciado [a suposta perseguição de Kassab e Serra], eu falaria tudo o que aconteceu. E não estou querendo falar agora.

Se eu falar, cai a República de São Paulo. Mas, se eu tivesse denunciado, tinha me prevenido dos supostos envolvimentos nessas coisas.

As acusações de Paulinho contra Serra e Kassab padecem, por ora, de um vício de origem: têm a vagueza própria das cortinas de fumaça. Para ser levado a sério, o deputado teria de dizer algo mais.
De resto, teria de demonstrar que o governador Serra e o prefeito tucano têm, juntos, um poder insuspeitado.

A dar-se crédito a Paulinho, a dupla controlaria a PF de Lula. Teria força também para se sobrepor à independência do Ministério Público. De resto, Serra e Kassab alugariam a consciência do procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza, que remeteu ao STF o pedido de abertura de inquérito contra o deputado.

Serra reagiu assim:

"Acho que o Paulinho deveria enfrentar os problemas dele de verdade. Porque ele está bastante ameaçado de cassação. Então faz isso para distrair a atenção."

Para Kassab, a acusação de Paulinho é "totalmente fantasiosa."

por Josias de Souza

Marcelo Justo/Folha

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