Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Estadistas não consultam marqueteiros


Estadistas não consultam marqueteiros



A era dos marqueteiros produziu incontáveis espantos: acabou com todos os vincos e rugas, erradicou os cabelos brancos, instituiu a obrigatoriedade do uso do uniforme terno-azul-marinho-camisa-azul-celeste-gravata-vermelho-cheguei, aposentou os óculos de aros grossos, converteu arrogantes vocacionais em poços de humildade, permitiu a gargantas franzinas formularem incongruências com voz de tenor, transformou azarões em favoritos, elegeu perfeitas nulidades e promoveu bestas quadradas a gênios da raça.

Mas não produziu um único estadista.

O sumiço dessa fina estirpe não pode ser debitado inteiramente na conta do profissionais do marketing político.

Mas é impossível imaginar um marqueteiro soprando o que deve ser feito aos ouvidos de um estadista.

Gente assim sabe que pesquisas de opinião captam um estado de ânimo condicionado por circunstâncias passageiras ─ e pelo imaginário popular.

Sabe que a voz do povo não é ditada pela Divina Providência: é apenas a voz do povo, e não traduz necessariamente o que é melhor para um país.

Como os políticos comuns, profissionais do marketing político pensam na próxima eleição.

Estadistas pensam na próxima geração.

Em 1938, já que a maioria dos britânicos queria um tratado de paz com a Alemanha, os marqueteiros teriam sugerido a Winston Churchill que fosse mais polido com Adolf Hitler.

Nos anos seguintes, sobraçando levantamentos do Instituto Gallup, teriam implorado a Franklin Roosevelt que mantivesse os Estados Unidos fora de uma guerra que, para sete entre dez americanos, era um problema europeu.

Na eleição que se seguiu ao triunfo contra a Alemanha nazista, Churchill também seria aconselhado a livrar-se do charuto, beber menos, esconder que dormia depois do almoço, emagrecer pelo menos 15 quilos, usar fotografias que amputassem a calvície e, sobretudo, parar de denunciar com tanta veemência a política expansionista da União Soviética.

Cansados de guerra, os ingleses não queriam sequer ouvir falar em Guerra Fria. Churchill talvez não tivesse perdido a eleição.

Mas perderia a chance de voltar nos anos 50, o lugar que lhe coube na História e o respeito que sempre merecerá de todas as gerações.

A oposição brasileira precisa mais de líderes com visão histórica que de candidatos com chances de vitória.

O país que presta está pronto para o combate frontal e sem prazo para terminar.

Se o preço a pagar pela chegada ao poder for a rendição sem luta, os democratas preferem a derrota.

O que está em jogo não é o Palácio do Planalto, é o futuro.

Não se trata de escolher entre nomes, mas entre a liberdade e o autoritarismo.




José Serra e todos os oposicionistas decentes devem mirar-se no exemplo do primeiro-ministro britânico.


A farsa precisa ser desmascarada.

A fraude não resiste ao confronto com a verdade.


Quem se opõe tem o dever de denunciar com dureza os crimes e pecados do adversário.

Churchill perdeu as primeiras batalhas.


Sabia, quando começou a guerra contra o inimigo primitivo e poderoso, que tinha o apoio declarado de menos que 5% dos ingleses.

Mas também sabia que tinha razão.


E a civilização sobreviveu.


 Direto ao Ponto


16/08/2010

0 comentários: