Por Augusto Nunes
A era dos marqueteiros produziu incontáveis espantos: acabou com todos os vincos e rugas, erradicou os cabelos brancos, instituiu a obrigatoriedade do uso do uniforme terno-azul-marinho-camisa-azul-celeste-gravata-vermelho-cheguei, aposentou os óculos de aros grossos, converteu arrogantes vocacionais em poços de humildade, permitiu a gargantas franzinas formularem incongruências com voz de tenor, transformou azarões em favoritos, elegeu perfeitas nulidades e promoveu bestas quadradas a gênios da raça.
Mas não produziu um único estadista.
O sumiço dessa fina estirpe não pode ser debitado inteiramente na conta do profissionais do marketing político.
Mas é impossível imaginar um marqueteiro soprando o que deve ser feito aos ouvidos de um estadista.
Gente assim sabe que pesquisas de opinião captam um estado de ânimo condicionado por circunstâncias passageiras ─ e pelo imaginário popular.
Sabe que a voz do povo não é ditada pela Divina Providência: é apenas a voz do povo, e não traduz necessariamente o que é melhor para um país.
Como os políticos comuns, profissionais do marketing político pensam na próxima eleição.
Estadistas pensam na próxima geração.
Em 1938, já que a maioria dos britânicos queria um tratado de paz com a Alemanha, os marqueteiros teriam sugerido a Winston Churchill que fosse mais polido com Adolf Hitler.
Nos anos seguintes, sobraçando levantamentos do Instituto Gallup, teriam implorado a Franklin Roosevelt que mantivesse os Estados Unidos fora de uma guerra que, para sete entre dez americanos, era um problema europeu.
Na eleição que se seguiu ao triunfo contra a Alemanha nazista, Churchill também seria aconselhado a livrar-se do charuto, beber menos, esconder que dormia depois do almoço, emagrecer pelo menos 15 quilos, usar fotografias que amputassem a calvície e, sobretudo, parar de denunciar com tanta veemência a política expansionista da União Soviética.
Cansados de guerra, os ingleses não queriam sequer ouvir falar em Guerra Fria. Churchill talvez não tivesse perdido a eleição.
Mas perderia a chance de voltar nos anos 50, o lugar que lhe coube na História e o respeito que sempre merecerá de todas as gerações.
A oposição brasileira precisa mais de líderes com visão histórica que de candidatos com chances de vitória.
O país que presta está pronto para o combate frontal e sem prazo para terminar.
Se o preço a pagar pela chegada ao poder for a rendição sem luta, os democratas preferem a derrota.
O que está em jogo não é o Palácio do Planalto, é o futuro.
Não se trata de escolher entre nomes, mas entre a liberdade e o autoritarismo.
José Serra e todos os oposicionistas decentes devem mirar-se no exemplo do primeiro-ministro britânico.
A farsa precisa ser desmascarada.
A fraude não resiste ao confronto com a verdade.
A fraude não resiste ao confronto com a verdade.
Quem se opõe tem o dever de denunciar com dureza os crimes e pecados do adversário.
Churchill perdeu as primeiras batalhas.
Churchill perdeu as primeiras batalhas.
Sabia, quando começou a guerra contra o inimigo primitivo e poderoso, que tinha o apoio declarado de menos que 5% dos ingleses.
Mas também sabia que tinha razão.
Mas também sabia que tinha razão.
E a civilização sobreviveu.
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