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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

“É claro, companheiro, a virada é possível!”

A contraofensiva de Zé




Por pitacos
Tibério Canuto

Ao ler os jornais do sábado, deparei-me com os profetas do Apocalipse. Após a divulgação do Datafolha, todos decretaram a derrota antecipada de Serra. Oito ou dez pontos nas pesquisas, mesmo antes da fase reconhecidamente decisiva da campanha eleitoral, já são suficientes para que a ungida sente-se na cadeira presidencial.

Para essas cabeças pensantes, apesar de quarenta e cinco dias de propaganda eleitoral gratuita e de alguns debates decisivos, agora só resta cumprir tabela.
Consola o fato de essa gente viver na gangorra e, quase sempre, não enxergar cinco metros, nem adiante, nem atrás. Há pouco mais de três meses, davam como certa a vitória de José Serra, posto que Dilma já teria atingido o teto da transferência de votos de Lula.

No sábado de tarde, liguei para meu amigo da equipe de marketing do PSDB. Pedi-lhe uma avaliação franca e sincera.

Somos amigos de longa data. Temos uma longa militância comum, nos tempos da ditadura. A vida nos dotou de confiança mútua sem adjetivos.

No início da conversa, relembrei um fato histórico, relatado na íntegra e em detalhes em vários livros sobre a Segunda Guerra.

As tropas e os primeiros tanques de Hitler estavam a 25 quilômetros de Moscou. Stalin tremeu nas bases.
 

A capital soviética poderia cair em mãos dos nazistas a qualquer momento.

Angustiado, Stalin telefonou para Zuckov, o mais brilhante general soviético. Ele comandaria, quatro anos depois, a tomada de Berlim.

Stalin rompeu a pompa com que sempre cercou seu cargo. “Camarada, estou lhe fazendo uma pergunta como comunista e, como comunista, peço que você me responda com toda sinceridade.

Moscou resistirá?

Conseguiremos defender nossa capital?”

Ouviu-se um silêncio do outro lado, que durou mais de um minuto. Zuckov respondeu: “Sim, camarada Stalin, fique tranquil. Não nos entregaremos. Defenderemos nossa capital”.

Três semanas depois de intensas batalhas, Moscou estava salva. Iniciava-se a contraofensiva. Foi a primeira derrota das tropas de Hitler na Segunda Guerra mundial.

Nada tenho de Stalin, nem meu amigo de Zuckov, embora a comparação com um dos maiores generais de todos os tempos não diminua ninguém, pelo contrário.

Ao terminar de contar esta este fato histórico, indaguei ao nosso amigo marqueteiro:

“Portanto, camarada, me responda com toda sinceridade.

A virada eleitoral é possível?

Serra poderá ser o vitorioso?”

O silêncio do outro lado não durou dez segundos.

Ele respondeu na lata: “é claro, companheiro, a virada é possível!”


Ufa, fiquei mais aliviado por sentir que no comando da campanha não há a mesma avaliação dos profetas do Apocalipse.

Nosso amigo é conhecido por ser mais do que realista. Sempre puxa para baixo as chances positivas.

Não são poucas vezes que levo um balde de água fria ao conversar com ele. Não foi o caso.

Em seguida ele me deu algumas dicas da estratégia que irá ao ar já nesta semana: ”Estamos com umas musiquinhas que vão ter muito impacto. Lembra-se do que fizemos na campanha em que concorríamos com Dona Marta (2004)? Pois é, estamos com uma linha bem parecida."

Naquela época apareceram uns mamulengos que fizeram um sucesso danado. Não sei se agora será feito do mesmo jeito,  que vem coisa de impacto, vem. Pelo  menos essa foi a conclusão que tirei da dica que ele me deu.

Claro que o foco não será Lula e sim Dilma. Como esclareceu nosso amigo, a equipe de Gonzáles não é de dar murro em ponto de faca. Foram realizadas pesquisas qualitativas em todo o país, até se achar o tom certo.

Segundo ele, as informações da revista Veja desta semana sobre a estratégia dos tucanos, é irretocável.
“De fato, nossa linha será da continuidade.

Procede a informação da Veja de que vamos dizer que Lula é bom, mas que Serra é o mais preparado para sucedê-lo”.

A escolha por chamar Serra de Zé não foi gratuita.

Ele ocorreu após várias pesquisas qualitativas indicarem quem em algumas regiões o PSDB é visto como partido dos ricos. Isto explica porque o programa televisivo dará ênfase à origem pobre de Serra, ou melhor, de Zé.
Quanto a estas questões, ele apenas confirmou o que a Veja publicou.

Mas acrescentou uma avaliação preciosa:

“Lula cometeu um erro estratégico ao querer impor uma derrota acachapante a Aécio Neves, em Minas Gerais.

Com isto, Aécio vai fazer de tudo não só para a vitória de Anastasia, mas também a de Serra nas Alterosas, pois sabe que seu futuro político depende, em grande parte, destes dois fatores.

A partir de agora, Aécio é um dos maiores interessados na vitória de Serra. Lula facilitou nossa vida, em Minas Gerais”.

Claro que ele não abriu muito o jogo sobre o que será apresentado no horário eleitoral gratuito. Nas eleições, assim como na guerra, a surpresa é um componente estratégico importantíssimo. Deve-se pegar o inimigo desprevenido.

Meu sentimento indica que se inicia a contraofensiva, capaz de virar o jogo.

16/08/2010


1 comentários:

Anônimo disse...

Pessoal visitem o blog do lucioneto e vejam a análise que ele fez sobre as amostras das pesquisas IBOPE E DATAFOLHA. NÃO SÃO ALEATÓRIAS. NORS Methodus publicou uma pesquisa e deu 46 pra Serra e 30% de rejeição para a coisa.
Acho que o Serra já está na frente.