Estreita relação do PT com traficantes das Farc
Em um depoimento gravado em vídeo e divulgado no site do PSDB, Índio da Costa, candidato a vice-presidente na chapa de José Serra, abriu fogo:
“Todo mundo sabe que o PT é ligado às Farc, ligado ao narcotráfico, ligado ao que há de pior”.
A declaração de índio foi considerada um insulto ao partido e a seus milhões de eleitores.
Ela produziu uma reação justificadamente forte por parte de José Eduardo Dutra, presidente do PT, que chamou Índio de “desqualificado” e “ medíocre”.
O partido do governo entrou com a ação por crime contra a honra, danos morais e ganhou direito de resposta na Justiça Eleitoral.
Despida de seu núcleo explosivo, a acusação de Índio da Costa encontra amparo na realidade.
O PT tem vínculos históricos, públicos e inegáveis com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
“Algum petista, inclusive a Dilma, explicou porque o PT é ligado às Farc, ou negou isso?”, perguntou o candidato tucano José Serra, dando contornos mais reais à acusação de seu vice.
Serra lembrou que as Farc são o narcotráfico, mas ressalvou que isso não quer dizer que os petistas são traficantes.
Há duas décadas, o PT mantém vínculos ora escancarados, ora dissimulados com as Farc.
Quando foram fundadas em 1964, as Farc eram um grupo guerrilheiro de inspiração guevarista cujo objetivo era derrubar o governo colombiano e instalar uma ditadura comunista.
Desde os anos 80, as pretensões políticas deram lugar ao banditismo puro e simples. Os membros das Farc entraram no negócio da cocaína, da extorsão mediante seqüestro e da venda de armas a criminosos brasileiros.
Muitos petistas condenam o que chamam de “opção arma das Farc”, mas, quando se vêem diante de um guerrilheiro fardado sentem um chamado vindo do fundo do coração.
“As Farc, em síntese, propõem uma sociedade mais igualitária”, diz o senador petista Eduardo Suplicy.
Essa idéia há muito sem vínculo com a realidade, de que as Farc têm um projeto político leva muitos petistas a organizar palestras de terroristas no Brasil, a protegê-los de pedidos de extradição e até arrumar empregos para seus parentes.
Na área diplomática, esse comportamento se traduz na relutância da política externa do governo Lula de qualificar as Farc como um grupo terrorista, dando a ele o status de força beligerante.
A afinidade entre PT e Farc foi oficializada em 1990, quando Lula fundou o Foro de São Paulo e convidou diversos movimentos de esquerda da América Latina, incluindo as Farc, para debater o futuro do socialismo, que naquele momento sucumbia na Europa.
Os encontros do Foro de São Paulo ocorrem a cada um ou dois anos.
Oficialmente, a última vez em que as Farc participaram foi em 2001, em Cuba.
Representantes informais dos interesses do grupo, no entanto, estavam presentes na edição uruguaia, em 2008.
Nos últimos dez anos, integrantes do bando tornaram-se atrações em diversos encontros no Brasil, como o Fórum Social Mundial em Porto Alegre, e foram recebidos por políticos petistas em seus gabinetes.
“Isso faz parte de uma estratégia de internacionalização, iniciada pelas Farc nos anos 90, para tentar vender uma imagem política, obter recursos e, claro, deslegitimar a democracia colombiana”, diz o cientista político Gerson Arias, coordenado da Fundação Ideias para a Paz, de Bogotá.
Quando Lula entrou na campanha presidencial de 2002, as alas mais pragmáticas do PT passaram a evitar publicamente as Farc.
Já os laços velados com os guerrilheiros foram mantidos, principalmente com o ex-padre colombiano Olivério Medina, que hoje vive em Brasília.
Documentos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) revelados por reportagem de VEJA de 2005 mostram que, em 2002, Medina participou de um churrasco em Brasília e prometeu 5 milhões de dólares para ajudar a campanha.
Com o PT no poder, o episódio foi varrido para debaixo do tapete e a investigação suspensa antes que indícios da doação dos terroristas pudessem ter sido recolhidos.
Medina, reconhecido pelo PT como embaixador das Farc no Brasil, é acusado de ter comandado quatro ações do grupo na Colômbia, as quais resultaram na morte de 95 militares e no sequestro de mais demais de 100 pessoas.
Preso pela Polícia Federal em 2005, ganhou o status de refugiado no Brasil e contou com a ajuda de petistas para não ser extraditado e julgado por seus crimes na Colômbia.
Em documentos descobertos no computador do comandante das Farc Raúl Reyes, morto pelo Exército colombiano no Equador em 2008, é possível encontrar várias mensagens trocada por Medina e outros narcoterroristas, com referências a petistas e ex-petistas.
Em uma delas, Medina escreve a Reyes:
“Estive falando com a deputada federal Maria José Maninha (ex-PT, hoje PSOL). Combinamos que ela vai me abrir caminho rumo ao presidente via Marco Aurélio Garcia”.
Garcia, vale lembrar é o assessor especial da Presidência da República.
Em outra mensagem, de fevereiro de 2004, o terrorista José Luis escreve ao mesmo Reyes: “por intermédio do legendário líder do Plínio de Arruda Sampaio (atualmente candidato à Presidência pelo PSOL), chegamos a Celso Amorim, atual ministro das Relações Exteriores. Plínio nos mandou falar com Albertão (Edson Antônio Albertão, ex-vereador do PT em Guarulhos), porque o ministro está disposto a nos receber. Tão logo tenha espaço na sua agenda, ele nos recebe em Brasília”.
Medina também agradece em 2007 a atenção da sua mulher, Angela Slongo:
“A Mona começou no seu emprego novo. Para protegê-la ou impedir que a direita em algum momento a incomodasse, a deixaram na Secretaria da Pesca desempenhando o que aqui chamam de cargo de confiança ligado à Presidência da república”.
Angela, uma professora paranaense, ganhou o cargo a pedido de Dilma Rousseff, então chefe da Casa Civil, como comprovou documento assinado pela ex-ministra e publicado pela Gazeta do Povo, de Curitiba, em junho de 2008. Índio generalizou, mas acertou no alvo.
Duda Teixeira - Revista Veja
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