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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Amorim foi humilhado de sapatos. Só perdeu a pose e a viagem. “Tentei ir a Gaza, mas encontrei resistência”


“Ministro meu não vai tirar sapato para revista”, gabou-se o presidente Lula em incontáveis comícios.
Sempre obcecado pela figura do antecessor, vive tentando transformar em agressão à honra nacional o episódio ocorrido em 2002, num aeroporto americano, que envolveu Celso Lafer, ministro das Relações Exteriores do governo Fernando Henrique Cardoso, e outros dois chanceleres.

“Fui aos Estados Unidos num momento subsequente aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001″, repetiu pacientemente Lafer, “Havia uma legislação aplicável a todas as pessoas.

Achei que era natural essa preocupação com segurança. Entendi republicanamente que não cabia o ’sabe com quem você está falando’.

Não criei problemas, assim como não criaram nesta mesma ocasião o ministro das Relações Exteriores da Rússia e a ministra do Chile”.

Coisa corriqueira.

Coisa intolerável, insiste Lula.


Nesta terça-feira, o chanceler Celso Amorim foi impedido de entrar na Faixa de Gaza pelo governo de Israel.

Há um mês, a restrição atingiu o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, mas Lula está proibido de mencionar o antecedente.

Se o argumento não vale para Lafer, também não pode valer para Amorim.

O ex-chanceler ficou sem sapatos e sem motivos para constrangimentos.

Amorim foi humilhado de sapatos.

Só perdeu a pose e a viagem.

“Tentei ir a Gaza, mas encontrei resistência”, desconversa.

O que encontrou foi uma porta fechada.

Para sustentar a bravata, Lula deve estar planejando o rompimento de relações diplomáticas com Israel.

Ministro dele não tira sapato para revista.

Nem pode ser despachado de sapatos.


29/07/2010

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