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terça-feira, 14 de outubro de 2008

Arakiri paulista: LGBT suspende atividades

Movimento gay condena Marta por propaganda que insinua que Kassab é homossexual
Por Jorge Serrão

O Comitê de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (LGBT) da campanha de Marta Suplicy anunciou a suspensão das atividades, em represália à peça publicitária que pergunta se Gilberto Kassab é casado e tem filhos. O comitê listou cinco argumentos para condenar a propaganda: violação à privacidade, incentivo ao preconceito, moralismo, a história de vida pregressa de Marta e a própria desagregação do movimento gay.

A nota do comitê mete o pau na Marta, que negou a insinuação de homossexualidade de Kassab na propaganda: "A mensagem subliminar é que ser gay seria um demérito e comprometeria a capacidade de governar. Kassab não é - ou será - mau prefeito em virtude de sua orientação sexual (qualquer que seja) ou pela forma como leva sua vida privada, mas, sim, porque é conservador, comprometido com as elites"

Confira a integra da Nota do comitê LGBT - Marta Prefeita, assinada por Rick Ferreira (p/ Comitê LGBT Marta Prefeita), Lula Ramires (p/setorial estadual LGBT do PT-SP e Comitê Marta Prefeita) e Julian Rodrigues (p/ setorial nacional LGBT do PT e Comitê Marta Prefeita):

O segundo turno das eleições em São Paulo tem como característica principal a polarização entre dois projetos de país e de cidade.

Confrontam-se duas candidaturas com trajetórias políticas absolutamente distintas.

Marta representa o campo progressista, a esquerda, a centro-esquerda, os lutadores sociais e a luta democrática. Kassab, do PFL (disfarçado de democrata), representa as forças conservadoras, a direita, as elites preconceituosas, os que sustentaram a ditadura militar e a repressão aos movimentos sociais organizados.

Alguns comerciais da campanha Marta para o segundo turno que foram ao ar a partir de ontem questionam, acertadamente, a trajetória de Kassab e explicitam a diferença de projetos.

Contudo, no final de uma destas propagandas, se indaga se Kassab é casado ou tem filhos.

Para nós, militantes da luta anti-homofóbica, feminista, e também todos e todas que comungam de valores progressistas, esse tipo de linha de campanha é ERRADO e INACEITÁVEL, por várias razões:

Primeiro, porque viola o direito à privacidade e à intimidade - direito humano fundamental e constitucional de todas e todos os cidadãos.

Segundo, porque esse tipo de questionamento reforça o preconceito e a homofobia (a mensagem subliminar é que ser gay seria um demérito e comprometeria a capacidade de governar). Kassab não é - ou será - mau prefeito em virtude de sua orientação sexual (qualquer que seja) ou pela forma como leva sua vida privada, mas, sim, porque é conservador, comprometido com as elites.

Terceiro, esse tipo de crítica é moralista e preconceituosa, pois reforça a heternormatividade (que considera aceitável apenas a heterossexualidade) ao insinuar que só será um bom gestor público é aquele/a que tem cônjuge e filhos. Ou seja, só seria aceitável como prefeito quem tivesse um tipo de família (a tradicional), desconhecendo os vários tipos de família existentes e inclusive estigmatizando as pessoas que optaram por não se casar.

Quarto, porque uma candidatura com a trajetória de Marta, NUNCA poderia adotar essa linha. Marta é pioneira na defesa dos direitos das mulheres e dos homossexuais. Marta sofreu e sofre com o machismo e preconceito em virude desta trajetória avançada e progressista - e sempre foi atacada por defender os direitos sexuais e reprodutivos e a livre orientação sexual.

Quinto, esse tipo de argumento DESAGREGA. Afasta e divide nossa base militante, social e eleitoral, pois é retrógrado. Aliás, se queremos aumentar o diálogo com os setores médios, esse tipo de campanha é ainda mais contraproducente. É errada conceitualmente e ineficaz eleitoralmente.

Neste sentido, o Comitê LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) solicita com veemência à coordenação geral da campanha que retire IMEDIATAMENTE esses questionamentos preconceitusos do ar, inclusive do sítio eletrônico da campanha.

Até que isso ocorra, estamos suspendendo todas nossas atividades de campanha, pois não concordamos em absoluto com a linha adotada neste momento.

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