Qual é a coisa mais detestável na visão de mundo dos petistas?
Eles não reconhecem individualidades.
Eles respeitam, por exemplo, mulheres, negros ou gays?
Ah, sim: desde que "a" mulher, "o" negro e "o" gay sejam militantes de uma causa, integrem uma corporação, pertençam a um grupo.
O sujeito só ganha direito à respeitabilidade se for membro de uma coletividade e se subordinar, claro, às regras do partido. Foi assim que Dona Marta Suplicy se tornou, no Brasil, uma espécie de porta-voz dos direitos civis dos homossexuais.
Era, de fato, um engodo. Agora, se preciso, ela apela à discriminação mais odienta, usando tal condição como xingamento, pouco importando se o alvo da agressão é ou não o que ela diz ser. Abro parênteses:
Parênteses
Vejam como são as coisas... O PT estava na oposição em 1988. Era
considerado a grande esperança — não mais por mim, já fazia tempo!!! — de justiça social e de respeito às diferenças. O roqueiro Cazuza, já
perto do fim, expressava uma opinião um tanto desoladora do país na
música O Tempo Não Pára:
"Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro,/
Transformam o país inteiro num puteiro/
Pois assim se ganha mais dinheiro...
A tua piscina tá cheia de ratos/
Tuas idéias não correspondem aos fatos/
Há, no que vai acima, a ingenuidade que combina com o rock, o que não quer dizer que não se diga um tanto de verdade.
Volto
Indivíduos não têm importância para o petismo. Uma pessoa só ganha
direito à existência se pertencer a uma categoria. A pessoa é negra?
Há que ser um "negro profissional", assumir o discurso do "oprimido" e
ver o mundo a partir dessa ótica. O PT lhe cassa o direito de ser,
digamos assim, um humano "neutro", comum, sem uma causa — como é a maioria de nós.
De fato, no mundo dos petistas, não há pessoas, mas grupos com
demandas. É a sociedade organizada em corporações — sejam as de
ofício, sejam as de supostas máculas sociais. O PT tem, em suma, uma
alma fascista.
Vinte anos depois
Passaram-se vinte anos desde aquela música de Cazuza. O PT está no
poder. Então já se pode cantar, agora que eles MUDARAM O MUNDO:
"Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro,/
Transformam o país inteiro num puteiro/
Pois assim se ganha mais dinheiro...
A tua piscina tá cheia de ratos/
Tuas idéias não correspondem aos fatos...
Bem ou mal, eu e Marta Suplicy pertencemos à mesma espécie, não é?
Sinto por ela a vergonha que lhe é impossível sentir por si mesma.
Por Reinaldo Azevedo
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