Grampo até dentro da PF
De Jailton de Carvalho:
Policiais encarregados da Operação Toque de Midas instalaram escutas ambientais e grampearam durante 20 dias, com autorização judicial, os telefones do diretor-executivo da Polícia Federal, Romero Menezes, preso anteontem por determinação da Justiça Federal e solto na madrugada de ontem por um habeas corpus.
Os grampos captaram conversas que, segundo policiais, mostram Menezes, o segundo homem na hierarquia da PF, interferindo em favor do irmão José Gomes de Menezes Júnior, gerente da empresa de limpeza e segurança Serv-San. Menezes é acusado de advocacia administrativa, vazamento de informações e corrupção entre outros crimes.
Os policiais federais decidiram instalar escuta ambiental no gabinete do diretor-executivo e grampear seus telefones há pouco mais de um mês.
O pedido teve como base o suposto envolvimento do delegado no vazamento de informações sigilosas da Toque de Midas, operação que investiga supostas fraudes cometidas pela mineradora MMX, do empresário Eike Batista, na licitação da concessão da estrada de ferro entre Serra do Navio e o Porto de Santana, no Amapá.
As suspeitas contra Menezes surgiram depois do fracasso da primeira etapa da investigação. Antes da operação, dois delegados fizeram um relato minucioso do caso a Menezes e pediram ao diretor a mobilização de 250 policiais e dois helicópteros.
Eles seriam destacados para uma possível prisão de Eike Batista e para o cumprimento de mandados de busca em endereços do empresário.
Na reunião, Menezes se opôs à operação. Alegou que a PF estava sob forte críticas por causa da Operação Satiagraha, investigação sobre o banqueiro Daniel Dantas, e se tornaria um alvo ainda mais fácil para os críticos, caso fosse levada adiante um plano de prender Eike Batista.
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